A V.tal nasceu a partir do processo de separação estrutural dos ativos de fibra ótica da Oi, em que a infraestrutura de transporte foi segregada em uma empresa que está em processo de troca de controle para os fundos do BTG Pactual, com a Oi mantendo participação acionária na nova empresa. A operação recebeu aprovação do CADE e aguarda análise da Anatel, entre outras aplicáveis, para estar totalmente concluída. Atualmente, a V.tal é avaliada em mais de R$ 22 bilhões. A Oi irá deter 42,1% da companhia.
O modelo é de rede neutra, que permite compartilhamento de infraestrutura da rede de fibra ótica para operadoras e provedores de internet. A V.tal tem entre seus objetivos viabilizar a inclusão digital e o desenvolvimento regional, massificando a banda larga de ultravelocidade em todo o país.
“Antes de mais nada, o 5G é uma grande oportunidade para o país poder aumentar sua capacidade de produção e sua competitividade. O mercado global está aquecido, e, se colocarmos nossas indústrias, nosso agronegócio, a educação e a saúde, utilizando essa nova tecnologia de conectividade, conseguiremos, de fato, elevar o nível de digitalização que irá impulsionar a produtividade do país”, diz Rafael Marquez, diretor de marketing da V.tal.
Ele considera que o leilão de 5G teve grande êxito e diz que a V.tal se coloca como parceira não só das operadoras móveis tradicionais, mas também dos novos entrantes para os quais a empresa pode ser uma grande viabilizadora desse novo patamar de conectividade.
“Em vez desse parceiro construir backhaul ou ter de lançar fibra, pode fazer o uso compartilhado de infraestrutura já existente. A grande beleza da rede neutra é justamente esta: evitar a sobreposição de rede física e otimizar investimentos não só para implementar redes, mas também para sua manutenção e no desenvolvimento de novas tecnologias, que estão sempre em evolução. Nos colocamos como um parceiro de viabilização do negócio de 5G e de ultra banda larga”, afirma Marquez.
Ele destaca que o 5G promoverá uma grande revolução nas aplicações, o que vai além de simples velocidade mais alta. Essas maiores capacidade e velocidade são habilitadoras de novos usos que requerem baixíssima latência, ultradisponibilidade para indústria 4.0, internet das coisas com aplicações de casas conectadas, além de telemedicina e carros autônomos.
A rede da V.tal é a mais extensa e capilarizada. São cerca de 400 mil quilômetros de fibra em todo o país; 2,3 mil cidades com capacidade técnica disponível de backhaul – 60% com redundância de rede-; e 206 cidades com cobertura Fiber to the Home (FTTH), somando 14 milhões de casas passadas (HP) com fibra óptica.
“O plano de associação a um fundo de investimentos como o BTG é justamente ter uma injeção de capital para investir e fazer esses 400 mil quilômetros crescerem ainda mais e chegarem a lugares onde não havia conectividade real de ultra banda larga, que as novas aplicações vão exigir. Serão R$ 30 bilhões de investimentos até 2025 para aumentar a capacidade e a capilaridade, a fim de suportar o aumento exponencial de dados trafegados”, ressalta o diretor de marketing.
A meta é chegar a 32 milhões de domicílios até 2024. A V.tal também opera com 355 empresas clientes – operadoras e ISPs –, entre serviços de atacado e de FTTH, em todas as regiões do país”, diz o diretor de marketing da V.tal.
A empresa tem um portfólio de serviços de conectividade e infraestrutura de fibra ótica para conectar residências, torres, pontos de concentração, cidades, domicílios e onde o provedor tiver necessidade. Os modelos de negócio vão até a oferta fim a fim, inclusive instalando o modem na casa do cliente do provedor. Caso ele mesmo queira fazer a instalação, a fibra pode chegar até o poste.
Marquez ressalta que a relação comercial com o cliente é do provedor, porque, como rede neutra, a V.tal nunca vai concorrer com o ISP. A empresa é remunerada por uma taxa de integração e depois por uma mensalidade por casa conectada, ou seja, apenas quando o serviço é ativado num modelo “success fee”. O primeiro cliente do modelo foi a Vero, de Ubá (MG). Hoje são mais de 20 contratos de redes neutras assinados para entrar em operação no início de 2022. E as negociações são intensas com diferentes tipos de potenciais clientes de várias regiões do Brasil.
“Acreditamos que o modelo vencedor é o ecossistema de parcerias. Cada player pode complementar no seu core business e fomentar a digitalização do pais. É natural que todos conversem com todos, a fim de montarmos esse ecossistema. E a rede neutra tem um conceito de rede aberta e compartilhada”, destaca Marquez.
Ele observa que as grandes operadoras têm suas redes, e quase todas segregaram esses ativos de fibra para atrair mais capex com visão de investimento de longo prazo em infraestrutura. A Oi foi a primeira cliente da V.tal, mas esse modelo de negócio vale para todas as outras grandes operadoras. E não só para swap de rede, mas também de FTTH fim a fim, evitando que tenham de construir redes próprias.
“O compartilhamento acelera o time to market, pois construir, além de requerer recursos, demanda tempo. No concorrido mercado de banda larga, o tempo vale muito. Poder acelerar a expansão em novos mercados vale muito para as grandes operadoras e para os provedores regionais também”, analisa o executivo.
A competição no mercado de redes neutras não preocupa. A V.tal tem um modelo de rede neutra fim a fim, permitindo até que empresas de outras verticais, como bancos e varejo, aluguem toda a infraestrutura e ofereçam banda larga para seus clientes. Marquez diz que a neutralidade também passa pela gestão.
“A V.tal tem todo um modelo de gestão independente que garante essa neutralidade na tomada de decisão, mesmo antes da conclusão do processo de venda para os fundos do BTG. A Oi continuará sim como um acionista relevante, com 42% de participação e com direito a assentos no Conselho de Administração, mas sem gestão no negócio. No dia a dia, é tratada como um cliente. Qualquer outro cliente, grande ou pequeno, precisa ter a tranquilidade de que as mesmas condições oferecidas à Oi estarão disponíveis para eles também”, sinaliza Marquez.
Além do BTG, estará no controle a Globenet, que complementa a infraestrutura da V.tal com sua malha de cabos submarinos. As conexões internacionais poderão trazer sua carteira de clientes. Um player global poderá trazer seu tráfego pelos cabos da Globenet para o Brasil e capilarizar pelo país por meio da rede de fibra óptica da V.tal. “É uma complementaridade muito boa de portfólio e existe grande potencial de sinergia entre as empresas”, completa o diretor de marketing.