“A frequência é importante em nível industrial. Então é importante a participação dos sujeitos que vão utilizar essa frequência para finalidade industrial, e não para objetivos financeiros”, disse o CEO da TIM Brasil, Pietro Labriola, a jornalista hoje, 29. Ele participou da feira Futurecom 2019, que acontece ao longo da semana, em São Paulo.
A preocupação na empresa é que tal abertura eleve o custo do espectro em função da atração de especuladores financeiros, que poderiam comprar para revender mais tarde, no futuro mercado secundário – modalidade de negociação de uso de frequências criada pela nova Lei das Teles (Lei 13.879/19).
Para Labriola, a presença de especuladores traz riscos para o desenvolvimento da tecnologia no Brasil. “O leilão tem que permitir a participação de quem quer investir. Seria absurdo permitir a participação de quem quer comprar para depois revender”, afirmou.
PARTICIPAÇÃO DOS PROVEDORES REGIONAIS
Para o executivo, está claro que a 5G não será uma revolução perceptível para o usuário final das redes móveis no primeiro momento. Mas uma tecnologia que permitirá um salto de desenvolvimento econômico.
“A 5G vai ser muito mais habilitadora de tecnologia e para a economia do que um serviço tangível para o cliente final. É importante um modelo [de leilão] que permita mais investimento no sistema, do que [dedicado] a cobrança de um preço muito alto pelo espectro. O valor do leilão pode ser mais baixo do que os compromissos de entrega”, afirma o executivo.
A exigência de capital intensivo para fazer o 5G pegar no país o leva a crer que a reserva de um bloco de frequência para os pequenos deva ser repensada. “Tem que se ter o cuidado na distribuição entre operações locais e operações nacionais. O setor de telecom é um setor de economia de escala. Ter uma atividade muito reduzida pode não permitir o desenvolvimento. Estamos estudando, mas acreditamos que a própria Anatel vê que é preciso evoluir a proposta”.
ATRASO NO LEILÃO
O executivo diz que é mais importante todas as regras estarem bem definidas e pactuadas, do que o governo se apressar em vender o espectro. Inclusive, é melhor que esteja bem definida a política de mitigação de interferência provocada pelo uso da rede móvel em 3,5 GHz na banda C, faixa na qual é transmitida a TV aberta satelital (TVRO).
Durante sua apresentação do evento, Labriola lembrou que não basta ao governo realizar o leilão. É importante que as regras favoreçam o investimento. Para isso, questões como a redução da burocracia para instalação de antenas nas cidades, acesso a infraestrutura de transporte, dutos e postes precisam ser aperfeiçoados.