“A oferta mostra a vitalidade do setor de telecomunicações, tira as grandes teles da zona de conforto e deixa claro que o consumidor decide o serviço que quer”, disse Moura. Ele comparou a proposta ao crescimento dos ISPs, que conseguiram traduzir melhor o desejo dos clientes.
Moura acredita que haverá uma briga boa, se a intenção da empresa norte-americana, controlada pelo fundo Digital Colony, tiver a intenção de ser uma fornecedora de infraestrutura, no caso, de espectro, que ainda não existe no país. Isto porque o tão falado mercado secundário de espectro ainda não foi regulamentado aqui. “Mas isso já está sendo tratado pela Anatel, para viabilizar o leilão do 5G”, avalia.
Para o presidente da TelComp, a proposta da Highline pode trazer um cenário de ganha-ganha. As grandes operadoras podem guardar os recursos para o leilão e alugar a frequência que achar necessária. A carteira de clientes, por sua vez, pode ser resolvida pelo próprio consumidor, que vai decidir em que prestadora quer ficar. Ele não descarta que essa carteira seja passada pela Algar e a seu sócio de Cingapura.
Do mesmo modo, o negócio facilitaria a aprovação pelos órgãos da concorrência. “O Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] pode aprovar rapidamente a operação por se tratar de um novo competidor, enquanto poderia demorar de um ano a um ano e meio, caso a Oi Móvel fosse fatiada pela Claro, TIM e Vivo”, disse.
Para a Anatel, avalia, a análise também é muito mais fácil do que lidar com a concentração do mercado. “Porém, vai ter que ajustar o regulamento de espectro, que relaciona as faixas a determinado serviço”, disse. Moura acredita que o negócio pode até antecipar a regulamentação do mercado secundário de espectro.