Atualmente, o produto mais avançado da empresa tem capacidade de 200 Gbps. As vendas do equipamento de 1,2 Tbps devem se concentrar no mercado europeu, sem previsão de chegada ao Brasil. Aqui, a ideia é trazer ainda este ano os módulos de 200 Gbps. O modelo mais vendido para operadoras, provedores e data centers locais é o de 100 Gbps.
Segundo Rudinei Carapinheiro, diretor de novos negócios da Skylane, a empresa vem crescendo dois dígitos ano a ano no Brasil. Originária da Bélgica, a fornecedora instalou uma linha de montagem em Campinas (SP) em 2012, procurando se adiantar às demanda do mercado local por infraestrutura de telecomunicações, que aumentaria em função dos grandes eventos esportivos, especialmente a Copa do Mundo de 2014.
“Na época, as conexões residenciais mais rápidas no país giravam em torno do 5 Mbps. Hoje passam dos 100 Mbps”, lembra o executivo, que comanda do interior de São Paulo as operações da fabricante na América Latina e no Caribe. Essa grande diferença deixa evidente a necessidade das operadoras por portas mais rápidas. Com seis funcionários, a Skylane é capaz de montar mil transceptores ao dia. Ano passado, vendeu 10 mil apenas no Brasil, onde cresceu mais de 30% em receita ante 2015. Ele não revela a receita, mas conta que o lucro foi de US$ 2 milhões.
Para este ano, mantido o ritmo de vendas atuais, o crescimento das receitas deve passar de 50% devido à procura por parte dos provedores regionais de banda larga – o segmento de mercado que mais atraiu assinantes de internet no último ano. “O mercado brasileiro legal, sem contrabando, de transceptores, movimentou US$ 40 milhões ano passado. Este ano deve movimentar US$ 50 milhões”, ressalta o executivo.
As compras dos pequenos eram inesperadas em 2012, quando ao aportar no Brasil a empresa estimava atender as grandes operadoras na expansão do 3G e 4G. Hoje, 70% da receita vêm dos provedores regionais, 20% das vendas a operadoras como Algar, Aloo Telecom, Cemig e Telefônica. O restante tem origem nas vendas a integradores de data centers e governo.
Brasília
A baixa receita vinda do governo especificamente, menos de 2% do total, tem um motivo. O principal concorrente da Skylane no país são os grandes fornecedores de equipamentos de telecom, nenhum dos quais fabrica transceptores. No entanto, eles vendem soluções turn key, que trazem o componente de outra empresa embarcado, e com isso, cobram mais pela solução.
Carapinheiro tenta convencer políticos e a Anatel de que é preciso mudar o conceito. Às empresas do setor público que licitam equipamentos de telecom, explica que adquirir o transceptor junto com outros equipamentos encarece a compra. “O transceptor representa até 60% do custo de uma infraestrutura de rede óptica, e a compra em separado do transceptor pode economizar até 70%”, estima. No Brasil, apenas Prodam, em São Paulo, e Tribunal de Justiça do Ceará são clientes públicos.
Na Anatel, a Skylane pleiteia a criação de um procedimento de homologação de transceptores, algo hoje inexistente. Com a aprovação dos componentes pela agência, o mercado cinza tende a encolher, conforme o executivo.