O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, previu, nesta segunda-feira (1º) um atraso no retorno das atividades de serviço, em função da pandemia do coronavírus. “O medo de uma segunda onda de contágio pelo coronavírus pode retardar a retomada do setor até meados de 2021”, disse.
Campos Neto, que participou de uma audiência pública remota da comissão mista que acompanha as medidas adotadas pelo governo federal no enfrentamento da pandemia, disse que o tráfego de pessoas na rua no horário de pico em países como Suécia, China, Estados Unidos, Espanha e Itália permanece abaixo da média de 2019.
— Esse fator medo existe hoje na população e vai ficar com a gente até que haja uma vacina facilmente disponível ou pelo menos, eu diria, até o meio do ano que vem. Isso é importante para entender que a volta em alguns setores de serviços vai ser mais lenta”, disse o executivo.
Dados preliminares do Banco Central apontam para uma queda superior a 50% nas vendas no varejo. Embora setores como metalurgia, alimentos e bebidas tenham demonstrado alguma recuperação, no setor de serviços a redução bateu os 80% e tem demorado a reagir.
Roberto Campos Neto registrou que a pandemia provocou uma expressiva saída de capitais de mercados emergentes. Foram cerca de US$ 90 bilhões retirados da economia, um choque superior ao causado pela crise econômica de 2008. O Brasil está entre os emergentes que experimentou um dos maiores fluxos de capitais, o que impactou o câmbio. De 20 moedas analisadas pelo Banco Central, o Real teve a maior desvalorização em 2020: -24,7%.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou uma queda de 5,9% em março. O dado, impactado pelo efeito financeiro gerado pela pandemia, é considerado como uma prévia do PIB para o período. Na comparação anual, o IBC-Br aponta uma queda de 1,52%. Embora o agronegócio registre crescimento de 0,6% no primeiro trimestre, indústria e serviços retraíram -1,4% e -1,6%, respectivamente.
O presidente do Banco Central destacou que o Brasil é um dos países que mais está gastando dinheiro para combater os efeitos da pandemia. De acordo com Roberto Campos Neto, a resposta de política fiscal compromete 5% do PIB brasileiro. Entre os emergentes, o país está atrás apenas de Tailândia (9,6%), Peru (11%) e Chile (15,1%).(Com Agência Senado)
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