Com o avanço da implantação do 5G no país, há oportunidades de receitas para operadoras e ISPs. Para o head de business development do SAS Latam, Raphael Domingues, a exploração de novas receitas passa a ser viável e também necessária, já que há, também, um aumento exponencial dos custos.
“O potencial é enorme, principalmente nas novas linhas de negócios do mercado B2B, a partir da verticalização dentro das próprias operadoras para explorar aplicações novas, além da conectividade”, disse. As áreas de saúde, educação, indústria 4.0 e agro, por exemplo, apresentam grande potencial de negócio para as operadoras, uma vez que poderão se beneficiar com o uso de inteligência de dados e maior digitalização.
Domingues cita estudo da Deloitte, que aponta potencial de geração de receita com o ecossistema de soluções digitais e de aplicações do 5G no Brasil até 2031 da ordem de R$ 101 bilhões. “Sem dúvida, as operadoras estão de olho para estourar essa pizza bem atrativa”, disse. Segundo ele, a estimativa da UIT prevê um aumento de tráfego nos próximos 10 anos de até 100 vezes. “A conectividade é importante, mas o potencial de receita vai nessa linha de negócios B2B”, disse.
O 5G vai permitir a criação de redes privadas – com isso, há potencial para explorar ainda mais a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). “A previsão é de que 12 milhões de sensores estarão em operação só no agronegócio até 2023”, disse Domingues.
O executivo acredita que os ISPs também podem se beneficiar desse mercado. De acordo com Domingues, os provedores estão colocando nas suas estratégias o objetivo de desenvolvimento de redes privadas, focalizada em indústrias específicas. “O ISP regional, com a flexibilidade de operação, combinado com parcerias estratégicas, de provedores de inteligência analítica e de nuvem formatam um ecossistema que pode ser aplicada em pequena e grande escala”, afirma.
Domingues ressalta que o investimento em cima do 5G é muito grande e o ecossistema de exploração de novos mercados ainda não está pronto, mas vem evoluindo. No momento, as operadoras estão dependendo do aumento de tráfego da conectividade.
Não vejo o 5G como substituto do 4G, afirma o executivo. Dados da GSMA apontam para uma base de 18% do mercado de telefonia móvel para a nova tecnologia até 2025. Segundo ele, a velocidade média mundial do 5G ainda está em 400 Mbps, bem abaixo da velocidade pretendida de 1Gbps. “Faltam recursos de redes para isso, mas, mesmo assim, a velocidade atingida é um salto de qualidade”, disse.
Aplicações
A aplicação de computação em borda e em nuvem também terá um novo potencial com o 5G, diz o executivo. “O processamento de dados deixa de ser centralizado, como é a característica atual, e passa a fazer com que a decisão seja tomada o mais próximo possível da fonte geradora”, disse. Ele afirma que essa tecnologia já existe e está amadurecendo.
Domingues disse que os ISPs já usam nuvem, mas poucos aderiram a edge computing. Ele acredita que ainda existem poucos casos de uso nessa tecnologia que são aproveitadas pelos provedores regionais. “A tecnologia em si já chegou a um nível de maturidade para se viabilizar”, destaca.
A SAS, por exemplo, tem software para coletar dados do septop-box da televisão na casa do cliente, interpretar esse dado e tomar algum tipo de decisão, explica. Um exemplo disso, seria sugerir um novo conteúdo a partir do que o cliente acabou de assistir, sem precisar levar o dado da programação até um tratamento centralizado.
A SAS já tem software as a service e soluções que podem ser comercializados para provedores regionais.
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