A estratégia foi arriscada. Em plena operação atendendo ao mercado doméstico, a Megatelecom decidiu vender sua carteira de clientes e reestruturar completamente seu perfil. Quase quatro anos depois, e muito esforço, a empresa comemora os resultados dessa iniciativa e está pronta para continuar expandindo para novas áreas, sempre com seu posicionamento de “butique” de telecomunicações.
“Nós deixamos de vender produtos de prateleira e preferimos dar um atendimento exclusivo para os clientes, desenhando soluções para voz, dados, internet e segurança”, disse Carlos Eduardo Sedeh, CEO da empresa. Na sua avaliação, a provedora se aproxima mais do perfil de integradora do que considera a oferta de commodities no mercado de telecom.
Para ele, a infraestrutura de telecom no país não tem recebido a devida atenção uma vez que se trata de uma questão vital por onde trafegam todos os dados. “Há uma glamourização das áreas de aplicações, de grandes nomes como Facebook, Netflix e outros, mas as autoridades se esquecem de que o acesso a tudo isso precisa passar pelas redes de telecom”, ressaltou. Ele acredita que com a chegada da 5G essa infraestrutura será ainda mais exigida.
A Megatelecom escolheu dois pilares de atuação, o mercado corporativo e o de operadoras de telecomunicações. No primeiro caso, fez uma linha de corte nos clientes já atendidos baseada no critério daqueles que necessitam de soluções mais sofisticadas e uso mais intensivo do que o porte da empresa. “Não adianta ter uma empresa de grande porte como cliente se ela não usa telecomunicações de forma mais intensa enquanto uma startup tem o acesso como um dos seus pontos vitais”, comentou.
Nesse processo a empresa perdeu clientes, hoje atendendo 1.400 empresas e operadoras, sendo que o corporativo responde pela maior fatia do faturamento. Mas em compensação, Sedeh disse que o ticket médio por cliente aumentou. Sem revelar valores, o executivo garante que a provedora triplicou de tamanho desde 2015.
A Megatelecom tem uma participação ativa no desenho das necessidades do cliente, mas não faz a gestão. Por enquanto. Segundo Sedeh, a demanda por esse tipo de serviço tem aumentado e a empresa está analisando a possibilidade de atuar também nessa área.
Para acompanhar e entender melhor o cliente, a Megatelecom utiliza um sistema de Big Data. “Esses sistemas analíticos nos dão uma visão geral e o padrão dos nossos clientes, permitindo antecipar algumas futuras demandas e também sermos preditivos no caso de algum problema que poderá surgir em breve”, ressaltou. Para ele, essa ferramenta colabora fortemente para sua estratégia de estar sempre próximo ao cliente,
Na área de operadoras, a empresa oferece pontos de acesso para empresas nacionais e também para as internacionais. Favorece essa oferta o fato de estar dentro da plataforma da Equinix Cloud Exchange, um serviço que proporciona conexões seguras, privadas e virtuais para diferentes provedores globais de cloud, com provisionamento automatizado e orquestração de serviços.
Com um backbone de 3,5 mil quilômetros, a empresa vem expandindo sua rede principalmente na grande São Paulo. Está ainda no Rio
de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul e recentemente inaugurou sua operação em Goiânia. Segundo Sedeh, as cidades de Curitiba e Porto Alegre estão sendo analisadas atentamente pela companhia para as próximos expansões e Belo Horizonte está no radar, talvez para uma próxima fase.
A reestruturação da Megatelecom aconteceu no momento que houve uma movimentação acionária. A TV Alphavile tinha uma participação minoritária na provedora assim como ela possuía na empresa de TV a cabo. A Megatelecom resolveu deixar o negócio de tv e se concentrar na operação de telecom o que provocou a saída das duas empresas dos respectivos negócios que não eram suas principais atividades.