As redes ópticas têm se tornado cada vez mais importantes para que operadoras e provedores atendam a demandas por tráfego de dados em alta velocidade. Marco Viana, vice-presidente Latam da FonNet Networks, destaca que a tecnologia de transmissão de dados por meio de fibra óptica permite a escala de banda larga e redução de latência, necessárias para que possamos usufruir de várias soluções tecnológicas e aplicações atuais e futuras.
Victor Mesquita, engenheiro de vendas da FonNet Networks, observa que a tecnologia óptica oferece alta capacidade e confiabilidade, porque a evolução das comunicações ópticas tem se concentrado no desenvolvimento de chipsets mais poderosos e elementos fotônicos mais robustos, além da utilização de diferentes modulações, tais como as Coerentes e a PAM4.
“Essa combinação de fatores promove o surgimento de novos transceivers – como os QSFP-DD, CFP2-DCO e OSFP – permitindo o tráfego de velocidades de até 800Gbps e o atingimento de maiores alcances, como Ultra-Long-Haul” explica Mesquita.
Marco Viana ressalta que o avanço das redes ópticas tem sido impulsionado pela demanda por banda larga, cuja rede chega cada dia mais perto do usuário final. E os hábitos de consumo desse usuário têm mantido conectividade simultânea, e buscado conteúdo de vídeo em alta resolução em diferentes dispositivos. Sem falar que há dispositivos e aplicações 100% conectados, mesmo quando não há interação do usuário, como o Uber, o Google Maps e os smartwatches.
“Quanto mais dispositivos e consumo de conteúdo, maior a demanda por capacidade das redes. Provedores e operadoras precisam investir na infraestrutura de backhaul e malha óptica. Em nível global, as principais tendências estão relacionadas ao que a tecnologia 5G irá proporcionar. Operadoras e provedores de todos os portes estão investindo em suas redes de acesso e transporte para suportar a futura demanda”, completa Marco.
Ele observa que a pandemia também exigiu novos investimentos para suportar a mudança abrupta no perfil de consumo de dados, o incremento no consumo residencial, o que tem exigido serviço com alto nível de qualidade para suportar o profissional em home office.
No Brasil, houve um grande avanço das redes ópticas com a expansão dos provedores de internet (ISPs). Em pouco tempo, essas empresas conseguiram ampliar suas redes para localidades com menor densidade demográfica, deixando as metrópoles e capilarizando as redes de fibra para o interior.
“As operadoras brasileiras têm enfrentado desafios para o crescimento e adaptação de redes. Elas têm enorme estrutura corporativa e alta densidade de ativos de redes existentes, que necessitam de investimentos para atualização. Em consequência, têm projetos mais complexos e, consequentemente, mais demorados em comparação aos ISPs, que conseguem agir de forma mais rápida. Mas os dois segmentos atuam em parceria para cobrir áreas onde as operadoras não chegam. Há, inclusive, uma tendência de consolidação”, analisa o VP da FonNet.
Para ele, a fibra é o elemento fundamental para o avanço das telecomunicações em todo o mundo. O principal benefício das redes ópticas é a escala, permitindo um crescimento exponencial de banda larga, ao mesmo tempo em que reduz os custos de instalação e manutenção, trazendo mais flexibilidade para as arquiteturas de redes de telecomunicações atuais.
A FonNet é subsidiária e distribuidora da Precision Optical Transceivers do Brasil, fabricante de transceptores ópticos, componentes que convertem o sinal óptico em sinais elétricos e responsáveis pela terminação da fibra óptica em conectividade com os equipamentos de rede.
A empresa atua em todo o Brasil e é responsável por trazer essa tecnologia para o país com centros de atendimento em Minas Gerais, São Paulo e Curitiba e Centro de Distribuição em Fortaleza. “Temos uma grande abrangência no mercado nacional, permitindo que o cliente receba o suporte necessário em qualquer estado do Brasil”, afirma Marco.
Serviços Técnicos
Victor Mesquita, engenheiro de vendas da FonNet Networks, acrescenta que os clientes da empresa contam com a vantagem de usufruir de serviços técnicos, suporte e consultoria, para terem a certeza de estar implementando a melhor tecnologia possível na ativação de um projeto. Ele destaca, que, nos últimos anos, houve uma rápida evolução das redes e acredita que a tendência seja a disseminação cada vez maior de novas tecnologias como a quinta geração das redes móveis, o 5G, o Wi-Fi6 e o DOCSIS3.1, que vão exigir um reforço nas infraestruturas de rede.
Estima-se que até 15% do Capex empregado em projetos de redes ópticas são relativos a transceivers
De acordo com a Precision – matriz da FonNet – estima-se que até 15% do Capex empregado em projetos de redes ópticas são relativos a transceivers, e esse impacto tem aumentado para velocidades maiores devido à complexidade eletrônica embarcada nesses equipamentos. Grandes operadoras têm identificado as vantagens de adquirir estes equipamentos por meio de fornecedores especializados como a FonNet.
“A demanda das operadoras tem aumentado de forma contínua, para as mais variadas aplicações, como banda larga residencial, redes de acesso móvel, links corporativos e backbone IP. Uma conexão Fiber To The X – FTTX, em que o X pode ser a residência (Home), um edifício (Building), ou um armário de rua (Curb) – pode proporcionar uma experiência muito além das conexões em banda larga legadas como HDSL, pois permite a navegação em maiores velocidades, com mais estabilidade, viabilizando tecnologias como GPON, XGSPON e Digital Return para redes HFC”, explica Mesquita.
Tudo isso traz uma melhor performance para aplicações OTT de empresas como Netflix, Amazon Prime Video, Apple+. O mesmo é válido para a reprodução de vídeos 4K e jogos online, além de permitir a massificação da TV por assinatura via IP, reduzindo a necessidade de instalação de antenas em residências e prédios.
Já no campo profissional, os benefícios incluem maior estabilidade da conexão para realização de videoconferências e disponibilidade de rede, proporcionando acesso dos colaboradores aos sistemas das suas empresas. Aplicação que se tornou extremamente crítica com a pandemia, e a adesão em massa das empresas ao home office.
Desafios
Em um país continental como o Brasil, há desafios para a implantação de redes ópticas. Os custos são elevados e há dificuldades operacionais para instalação das fibras em grandes distâncias entre os centros urbanos e em cidades com menor densidade demográfica e, consequentemente, menores demandas.
Nos grandes centros, há também a dificuldade de obtenção de espaços físicos para passagem das fibras, sejam elas subterrâneas ou aéreas, e a necessidade de substituição da tecnologia legada de pares metálicos ou cabos coaxiais para desobstrução das galerias e postes.
“A infraestrutura aérea de postes está saturada para a instalação de fibras. Esse é um desafio não apenas para a instalação, mas principalmente em relação ao licenciamento, que demora muito e é muito burocrático”, diz Marco Viana, Vice-Presidente Latam da FonNet
Laboratórios
Como as telecomunicações são serviços essenciais para diversos setores da sociedade, a disponibilidade da rede é um dos principais KPIs medidos pela Anatel junto às operadoras e a instalação de novos equipamentos ou tecnologias na rede viva torna-se uma atividade de alto risco.
Marco diz que as operadoras podem se beneficiar de laboratórios de testes e provas de conceito para a definição de protocolos de configuração e validação de compatibilidade de equipamentos de rede de diferentes fabricantes. O objetivo é evitar problemas inesperados após a instalação de um novo componente de rede.
“Novos produtos ou compatibilidades são testadas em ambiente controlado em nossos laboratórios, em Fortaleza-CE ou em Rochester-NY, antes da implementação. Também realizamos testes de homologação em conjunto com os clientes, no formato prova de conceito, que podem ser realizados em ambiente controlado, determinado pelo cliente”, informa Victor Mesquita, engenheiro de vendas da FonNet
Ele destaca que junto à Precision, a FonNet investe em desenvolvimento, engenharia e qualificação de transceivers, para que os clientes recebam o melhor produto para suas redes. A empresa usa programação de ponta e tecnologias de diagnóstico em seus laboratórios, além de oferecer suporte gratuito, com uma equipe técnica especializada em uma ampla variedade de transceivers compatíveis com os principais players do mercado.
Em breve, um novo aplicativo vai auxiliar os administradores de rede a monitorar e analisar seus transceptores em tempo real, o Lightseer, uma ferramenta de rede definida por software (SDN) com aprendizado de máquina. Atualmente em fase de testes, o aplicativo já se mostrou compatível com uma ampla variedade de equipamentos whitebox de código aberto e controladores SDN “off-shelf”.
Marco Viana, vice-presidente da FonNet Networks, chama a atenção também para a necessidade de escolher bem os fornecedores de equipamentos de rede para que a operadora de telecomunicações não fique sujeita aos processos de “vendor lock”.
“Isso cria uma dependência do usuário por um longo período contratual. E pode, inclusive, ocasionar perda de negócios com impacto direto nos resultados da operadora ou ISP”, alerta.
Inovação
Mesquita destaca que há novos desafios a caminho. O 5G, por exemplo, demandará ainda mais infraestrutura de rede ópticas. As três principais aplicações serão a baixa latência (URLLC – Ultra-Reliable Low Latency Communication), IoT massivo (MTC – Massive Machine Type Communication) e banda larga móvel aprimorada (eMBB – Enhanced Mobile Broadband). Esses pilares devem permitir ao 5G o atendimento às suas premissas básicas, como velocidades de 1 a 10Gbps e 100 vezes mais dispositivos conectados por km² a uma latência na casa de 1ms.
Para se atingir esses objetivos, novas antenas com uso de MIMO massivo serão implementadas em uma alta densidade de sites, devido às faixas de frequência disponíveis no espectro e que estão sendo padronizadas para a nova geração das comunicações móveis.
Além disso, o 5G se baseia também na técnica de Network Slicing, o que poderá trazer novas aplicações além do transporte para a ponta, promovendo a necessidade de ampliações de datacenters e sistemas de armazenamento que abrigam aplicações demandantes de menor latência como robótica, V2X, mobile gaming, entre outros.
As redes ópticas serão de suma importância para a implementação do 5G, tendo em vista a enorme quantidade de conexões em alta velocidade e confiabilidade, principalmente no fronthaul, entre a rede e as unidades de banda base.
As faixas de 3,5GHz e 26Ghz, definidas pela Anatel, têm alta susceptibilidade à atenuação, o que, combinado à quantidade massiva de dispositivos que o 5G promete conectar, obrigará as operadoras a implantarem uma grande densidade de antenas para proporcionar a cobertura esperada pela tecnologia, incluindo antenas indoor e smallcells.
“Estas novas antenas, por sua vez, deverão se conectar com as Centralized Units por meio de fibras ópticas. A Rede de Acesso tem os maiores desafios pois, além das dificuldades operacionais na instalação, há ainda muita discussão de aspectos não-técnicos como as leis de utilização do solo e das antenas”, analisa Mesquita.
Ele destaca que o 5G beneficiará segmentos como saúde, agricultura, pecuária, comércio, entretenimento, robótica, cidades e os carros inteligentes. Sem falar na massificação de wearables (como os smartwatches e smartbands) e, principalmente, a indústria 4.0.
“Para suportar todos esses campos com a qualidade e a estabilidade esperadas, muitas tecnologias devem ganhar força nos próximos anos, principalmente aquelas orientadas ao software e cloud. Como exemplo, V2X (Vehicle to X – qualquer coisa), realidade virtual, realidade aumentada, inteligência artificial, aprendizado de máquina e internet das coisas”, diz Mesquita.
Já o OpenRan é um conceito disruptivo que tem como premissa básica a desagregação entre hardware e software, o que pode fortalecer as redes baseadas em software (as SDN) e promover a variação das arquiteturas. Uma das apostas é que vai fomentar o mercado de tecnologias como OpenSource e Whitebox, e a implementação de redes ópticas neutras.
“Todos esses aspectos podem proporcionar vantagens competitivas a esta indústria, estimulando a entrada de mais fornecedores no mercado e aquecendo a concorrência, resultando em redução dos custos de implantação de redes móveis”, analisa Mesquita.
Ele prevê que, aliado ao modelo de 5G a ser adotado no Brasil, o OpenRan poderá trazer uma transformação digital para o cenário nacional, ampliando a possibilidade de operação de serviços de comunicação móvel aos provedores regionais, que já tem sinalizado o desejo em aderir a este mercado com parcerias entre si.
“Esse novo modelo de negócio pode ajudar na disseminação das novas tecnologias e promover uma maior cobertura, de forma mais ágil, levando tecnologia de ponta à última milha, ou seja, entregando o que há de melhor ao usuário final”, conclui.