Por Hermes Pereira*
De nome difícil, a tecnologia DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing, ou Multiplexação por divisão de comprimento de onda) vem ganhando destaque nessa pandemia com o trabalho remoto. Desde então a demanda de internet cresceu entre 40% e 50% no Brasil, de acordo com dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Pois, o tráfego no País mudou, movendo-se principalmente para a borda da rede, graças à forte ampliação da demanda nos lares com home office, compras online, aulas remotas, e entretenimento. A mudança de hábito foi imensa e o acesso à internet crescente.
Embora as redes DWDM já existam desde os anos 1990, elas começaram a se popularizar como um reflexo do aumento da demanda de tráfego nos últimos anos, que pedem por uma infraestrutura cada vez mais ágil, escalável, flexível e economicamente viável. Neste exato momento, um número inimaginável de dados está sendo compartilhado por tecnologias de transmissão, e a cada dia, empresas têm apostado na fibra óptica para cumprir com essa atividade. A necessidade de ampliação da capacidade das redes existentes, somada à expansão das redes FTTH dos provedores de Internet, criou um cenário propício ao mercado DWDM. No Brasil, a distribuição das rotas de DWDM vem crescendo sensivelmente.
Além da crescente importância das redes locais, o aumento da complexidade das aplicações em estações de trabalho também tem contribuído para a necessidade por redes de alta velocidade. A infraestrutura DWDM, por exemplo, está fazendo brilhar os olhos de provedores de internet, operadoras e prestadoras de serviços em geral, porque é capaz de prover uma evolução na rede pela sua capacidade altíssima capacidade de transmissão. Ela torna-se benéfica no aspecto técnico e econômico por algumas razões: ser flexível, modular e por permitir aos provedores de serviços (ISPs) a escolha de ampliar a capacidade em qualquer porção de sua rede.
Com a flexibilidade da tecnologia DWDM, os provedores de Internet podem atender as necessidades específicas de sua rede, bem como disponibilizar serviços dedicados a seus clientes e, inclusive, alugar um comprimento de onda de seu sistema para outros provedores, compartilhando da mesma infraestrutura, evitando o uso ou novos investimentos de uma outra fibra óptica.
Com sinais que transportam a informação, em comprimentos de onda diversos, a tecnologia DWDM combina esse transporte a um multiplexador óptico, por meio de um único par de fibras. Dessa forma, é possível usar a largura de banda da fibra óptica de uma maneira mais eficaz. Ou seja, essa tecnologia, pode ampliar a capacidade de transmissão de uma rota sem a necessidade de aumentar o número de fibras e, em conjunto com amplificadores ópticos, pode alcançar maiores distâncias.
É bem comum ver prestadores de serviços de internet contratando links de operadoras de telecomunicações que têm infraestruturas próprias robustas implantadas nas cidades onde atuam. No entanto, na medida que os ISPs crescem e expandem sua oferta de conectividade para outras cidades, essa alternativa deixa de ser interessante. Nesses casos, vale a pena considerar a possibilidade de investir na construção de uma rede própria de fibra óptica, interligando-os a outras localidades. Com a tecnologia DWDM, os ISPs podem analisar a possibilidade de montar suas próprias redes e ir crescendo sua capacidade de forma gradual. Esse movimento poderia agregar inúmeras novas oportunidades de receita.
Com a evolução dos protocolos de rede e a chegada da tecnologia 5G, migraremos para um novo patamar em relação à performance de banda larga. Ainda que seja uma tecnologia de rede móvel, o 5G depende de uma infraestrutura bem construída para suportar a demanda de tráfego e, em algum momento, terá que se conectar em uma rede fixa para chegar o núcleo das operadoras e ISPs. E para isso, somente tecnologia de transporte de alta capacidade e de baixa latência, como é o caso do DWDM, que se encaixa perfeitamente nesse cenário, estará presente nesses ambientes críticos.
A transformação digital é um divisor de águas para o mundo totalmente online e irá demandar cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento dos equipamentos e soluções envolvidos no processo. Da parte de DWDM, as evoluções também irão continuar – hoje, estamos chegando à 80 canais – no entanto, a expansão desses canais pode chegar até entre 100 e 200 canais combinados entre as bandas C e L. Além disso, podemos ter também a expansão de capacidade de cada canal, que hoje já chega a 800Gbps.
Provedores de internet projetam um crescimento alto nos próximos anos e, por isso, é preciso estar atento às tendências no mercado. Afinal, a demanda pelo serviço deve escalar num ritmo acelerado e, a cada dia, visto que as casas ganham mais aparelhos conectados via internet e com IoT (Internet das Coisas), demanda por maior velocidade de conexão, entre outros fatores, o que torna a aplicação do DWDM uma opção a ser considerada.
*Hermes Pereira é gerente de Negócios da AGORA
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