Os provedores regionais de internet não param de crescer no Brasil, o que já lhes dá a certeza de que neste ano será possível, em conjunto, superarem a Oi. Em abril, eles tinham 18,68% do mercado de banda larga fixa, enquanto a Oi tinha 20,7%.
Basílio Perez, presidente da Abrint, entidade que reúne os provedores regionais de banda larga, diz que 2018 repetirá o crescimento visto pelos associados em 2016 e 2017. “Vamos bater o número de adições líquidas do ano passado. Esperamos ser, em alguns meses, a terceira operadora. Pelo menos a Oi nós vamos superar”, afirma ao Tele.Síntese.
Apenas neste ano, os provedores já adicionaram 346 mil novos assinantes. O número, garante Perez, é subnotificado. No mesmo período (janeiro a maio), a Oi desligou 70 mil acessos.
Ano passado, 1,4 milhão de clientes foram adicionados pelos pequenos. A Oi perdeu 116 mil. Em 2016, foram 653 mil novos clientes entre os provedores. Enquanto a rival ganhou apenas 37 mil. Desde janeiro de 2016, os provedores cresceram 127%. Já a Oi se retraiu 3%. São estes números que animam o presidente da Abrint.
TV como proteção
Neste ano também começou a se ver avanço dos provedores sobre o mercado de TV paga. Mas, diferente da banda larga, o crescimento aqui será menos agressivo. Perez explica que a oferta de combos é uma proteção à existência de concorrentes nos mercados em que atuam. Mas não haverá aportes tão significativos em TV quanto os que são feitos em fibra óptica.
“Hoje, 47% de todas as redes de fibra do Brasil são os provedores que estão fazendo. A Vivo vem em segundo, com 40%. Isso vai continuar. Tudo pela demanda por internet”, ressalta.
Nos locais onde apenas os provedores chegam, os clientes querem mais a TV aberta do que qualquer outra programação. “Há valor em canais infantis, mas de modo geral a preferência é pelo canal aberto, um pacote bem básico de TV, e banda larga de qualidade para quem quiser assinar Netflix”, explica.
Sem ameaças
Perez não enxerga grandes ameaças à expansão dos provedores regionais no médio prazo. Segundo ele o projeto de lei que altera a Lei Geral de Telecomunicações em tramitação no Senado pouco afetará o segmento.
“Beneficia as grandes operadoras, mas elas continuarão dispostas a entrar apenas em mercados em que o retorno sobre os investimentos seja condizente. Nós focamos áreas que para eles não seria rentável atender”, frisa. Também a possibilidade de o PGMU prever investimentos em banda larga teria pouco efeito, neste cenário.
O grande dificuldade continua a ser obter dinheiro para pagar pela expansão das redes. Ontem (5) o ministro Gilberto Kassab (MCTIC) afirmou que esta bola está com o BNDES. Perez torce para que o banco de fomento destrave o fundo garantidor. Também espera o anúncio, em breve, de uma linha de crédito para quem precisar de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões para investir em infraestrutura óptica.
“Por enquanto, as linhas eram muito complexas, com valores mais altos por projeto ou exigiam intermediação de outra instituição financeira. Isso fechava as portas. Mas fizemos várias reuniões com o BNDES. Espero que um anúncio de adequação de uma linha que já existia seja feito o quanto antes”, diz.
Internet para todos
A solução tributária para os pequenos também passa longe do Internet para Todos. O programa do MCTIC prevê isenção de ICMS sobre mensalidades de banda larga para quem explorar regiões com baixo potencial de retorno.
“O ICMS é apenas uma parte dos nossos custos. O Internet para Todos, para os provedores, não ajuda em nada”, diz. Ele explica que, como a maioria dos associados se enquadra no SIMPLES nacional, não é possível acumular benefícios de outras políticas de governo. Por isso, acredita que o programa deve ser mais usado por grandes operadoras.
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