Assim como vem acontecendo na atual expansão da banda larga fixa, os provedores regionais também terão papel de destaque no crescimento dos sistemas de Internet das Coisas (IoT) em projetos da área rural. A avaliação é do ex-deputado federal, ex-presidente da Telebras e atualmente consultor nesse mercado, Jorge Bittar. Para ele, é importante em primeiro lugar garantir o acesso nas sedes dos municípios para que ele possa se estender para as fazendas que necessitam de conectividade para suas sedes mas também para avançarem em novos serviços no campo.
“Os provedores regionais já têm esse papel fundamental ao levarem a conectividade para as cidades de menor porte e vêm desempenhando um papel maravilhoso nesse sentido”, ressaltou. Esse avanço na área rural, na sua avaliação, pode contar com conectividade LTE via frequências na faixa de 250 MHz que estão disponíveis na Anatel para qualquer interessado.
“Os provedores têm utilizado as plataformas de fibra óptica e rádio, mas precisam avaliar a faixa de 250 MHz para sistemas LTE já que as frequências de 450 MHz estão nas mãos das operadoras”, ressaltou. Bittar, que é engenheiro de telecomunicações, critica a demora das operadoras de telecomunicações de utilizarem a 450 MHz para cobertura na área rural apesar de essa exigência já constar no edital de licitação da quarta geração.
“Somente agora, quando começa a surgir um modelo viável de negócios com a chegada da IoT no mercado agropecuário é que elas estão se mexendo”, analisou ele, que participou no dia 31 julho de um painel sobre conectividade no campo no AGROtic Cana de Açúcar, realizado pela Momento Editorial, em Ribeirão Preto (SP).
Por meio de sua consultoria, a Logos, Bittar participa de projetos para levar soluções IoT em áreas rurais. Ele está ao lado do CPqD e da Trópico para promover conectividade e plataforma na que é chamada “a maior planície agriculturável” na cidade de Campo Novo do Parecis, sede da Chapada do Parecis, no Mato Grosso.
Campo Novo do Parecis é o maior produtor nacional de girassol e pipoca — onde, inclusive, está a sede da Yoki Alimentos — e possui cerca de 42% do território destinado às safras de grãos, área que Bittar está atendendo. O projeto para essa região é semelhante ao que vem sendo implantado na Usina São Martinho pela Trópico, BNDES e CPqD.
Dentro da fazenda, a Trópico utiliza s Solução de Conectividade Agrícola Banda Larga de Grande Cobertura, desenvolvida pela empresa e baseada na tecnologia LTE – 4G em frequências licenciadas abaixo de 250 MHz, o que lhe confere raios de cobertura de até 50 km. A solução consiste de radiobases em torres na área produtiva e Terminais Inteligentes Veiculares (TIV) instalados nas máquinas agrícolas, tratores e caminhões, possibilitando o rastreio por GPS, a coleta de dados georreferenciados em tempo real, a atuação nas máquinas, a transmissão de dados de computadores de bordo, pilotos automáticos e RTK, assim como monitoração por câmeras e comunicação por voz.
Segundo Bittar, há três provedores regionais que operam na cidade de Campo Novo de Parecis. “Podemos fazer parcerias com alguns deles”, ressaltou.
O evento AgroTIC Cana de Açúcar é uma realização da Momento Editorial, com patrocínio da Vivo e do BNDES.