Iezzi ressalta que, pela primeira vez, os provedores foram vistos pela Anatel e acredita que isso ocorreu em função das fusões no mercado e do crescimento das redes de fibra óptica dos ISPs. Para ele, falta capacidade financeira para as competitivas para arcar com os custos da rede. “Uma CPE custa por volta de US$ 600 a US$ 700, sem falar nas erbs, que pode custar até US$ 100 mil e na estrutura que se tem que fazer por trás disso para poder atingir o B2C”, ressaltou,
O interesse da Altarede é pela faixa de 3,5 GHz e 26 GHz para ofertar serviço de FWA para complementar sua rede, que atende a cidades dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. Mas mesmo que entrasse em um consórcio, que é um modelo de difícil construção, alega que os custos não seriam baixos. “Eu tenho conversado com provedores e fornecedores sem evolução, isto porque muitas cidades do interior não estão preparadas para receber essa rede, falta até capacidade energética, já que o consumo é três vezes maior que as outras redes”, disse.
Segundo o CEO da Altarede, outras tecnologias estão sendo avaliadas para complementar a rede, especialmente para o atendimento do campo, como o Lora, na faixa de 400 MHz, e o WiFi 6. “Eu acredito que nós, que temos uma rede grande de atacado, a gente vai conseguir transportar o tráfego do 5G e já fechamos contratos com grandes operadoras nesse sentido”, disse.
“Mesmo para uma empresa que já está consolidada, que já tenha um investidor por trás, ainda assim a rede 5G é cara e a rentabilidade é difícil de acontecer. Lógico que uma Huawei da vida, uma Nokia, vão se adequar ao mercado, mas eu acredito que isso acontecerá mais para frente, o leilão já vai ter acontecido e poucos ISPs vão conseguir surfar essa onda”, disse.
Roaming
O CEO da Blink, Alessandro Teixeira, afirma que os lotes regionais ainda não atendem os provedores. “Uma operação em escala pequena não é rentável e questões como o roaming precisam ser esclarecidas. “Se a gente não conseguir ser protagonista por meio de consórcio a gente ainda fica com a missão de fornecer parte da infra que vai interligar as milhares de antenas do 5G”, disse o executivo, que fundiu três ISPs em Minas Gerais, sem apoio de fundo de investimentos.
Já o CEO da Forte Telecom, Sérgio Simas, disse que é difícil que, em curto e médio prazos, provedores pequenos e médios atuem na oferta de tecnologia 5G massivamente para banda larga, mesmo que haja consórcios. “Eu vejo quatro operadoras principais de dados móveis no país ofertando isso a curto prazo”, disso. Segundo ele, os lotes são muito grandes e só empresas consolidadas com capacidade de capex podem explorar a nova tecnologia de forma massiva.
No entendimento do CEO da Megatelecom, Carlos Eduardo Sedeh, quem tem rede de fibra regional terá oportunidade de interligar as milhares de erbs que serão necessárias para a tecnologia. “Não vejo o ISP como operador final, mas como operador de bastidor, fomentando o crescimento’, disse.
Qualidade
“Estamos com grandes oportunidades antes do 5G”, afirma o CEO do Grupo Conexão, que abrange a Acon e a Triply Play Brasil, Gilbert Minionis. Ele argumenta que o negócio de telecomunicações exige bolsos muito grandes e os provedores com tamanhos de médio para baixo, que precisa de muitos investimentos para prestar serviços melhores aos seus clientes. “Quando se olha fora do foco, como o 5G entende os grandes desafios que vêm pela frente”, afirmou. Um deles, é a instalação de antenas, que ainda continua “um parto” e se multiplicar essa necessidade por 10, é uma “coisa louca”.
Para Minionis, as redes de fibras vão coexistir com o 5G e os provedores têm grandes oportunidades no Brasil de melhora de qualidade. “Nós vendemos um produto terrivelmente difícil porque os clientes sempre consideram que a internet é classificada como ‘não é ruim’ e o grande desafio que nós temos é trocar a percepção de ‘não é ruim’, para ‘razoavelmente boa, temos que encantar o nosso cliente’”, avalia.
O Grupo Conexão atua no Nordeste, mas vem crescendo muito no Sudeste por meio de aquisições e ampliação de rede. “Nós temos três centros, um no Ceará, outro na Paraíba e o outro em Minas, São Paulo e Bahia e nos últimos anos concluímos 11 ISPs, sendo quatro no ano passado, sem nem conhecer de perto as empresas”, disse. Um quarto centro já está em implantação e o quinto, em estudo.