Prefeitura amplia rede a ser enterrada em São Paulo e desagrada operadoras


A prefeitura de São Paulo anunciou, oficialmente, o programa Cidade Linda Redes Aéreas. A iniciativa prevê o enterramento de fios e cabos na cidade, e posterior retirada de postes.

O programa foi criado em portaria de março deste ano, prevendo originalmente o enterramento de redes ao longo de 52 Km de vias na região central, ao custo de R$ 6 milhões para a AES Eletropaulo.

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A região foi escolhida por ser área da cidade em que a distribuidora elétrica já tinha retirado sua fiação. Restavam apenas as redes das operadoras, que ainda estão fazendo os estudos técnicos. Após elas descerem seus cabos, a Eletropaulo vai tirar os postes.
Vila Olímpia incluída no enterramento

Terça-feira, 29, no entanto, o prefeito da cidade, João Dória (PSDB), anunciou a expansão da área a ser enterrada. Serão mais 13,2 Km, que ainda não estavam previstos. Ao todo, o programa prevê baixar redes ao longo de 65,2 Km de vias até 2019.

Além das ruas do Centro que já eram conhecidas, foram acrescentadas ruas da Vila Olímpia e também do entorno do Mercado Municipal.

Na Vila Olímpia serão 13 vias, totalizando 4,2 Km enterrados, 321 postes retirados. Apenas a Eletropaulo calcula gastar R$ 21,5 milhões na região. As operadoras ainda trabalham no projeto técnico para estimar os custos. Essa área será iniciada em setembro e concluída até julho de 2018.

As vias incluídas são trechos de: Rua Funchal, R. Gomes de Carvalho, Al. Raja Gabaglia, R. Tenerife, Al. Vicente Pinzon, R. Olimpíadas, Av. Chedid Jafet, Av. dasNações Unidas (entre Av. dos Bandeirantes e Juscelino Kubitschek), Av. Dr. Cardoso de Melo, Av. dos Bandeirantes, R. Beira Rio, R. Pequetita e R. Coliseu.

Mercado Municipal

Além da Vila Olímpia, apareceu agora nos planos o enterramento da área no entorno do Mercado Municipal. Serão sete vias beneficiadas e o Parque Dom Pedro. Ao todo, serão 9 Km de redes enterradas, 584 postes retirados, R$ 29,4 milhões investidos pela AES Eletropaulo. O custo para as operadoras ainda não foi definido.

Esta obra começa em janeiro de 2018, e deve terminar em meados de 2019. Serão 18 meses de reforma. As vias modificadas serão: R. Mauá, R. da Cantareira, R. Barão de Duprat, R. Tabatinguera, R. Paula Souza, Av. do Estado, Av. Cásper Líbero.

Segundo a prefeitura, o critério para determinar as áreas escolhidas segue a demanda do mercado. Serão baixadas as redes mais carregadas da cidade, tanto de eletricidade, quanto de telecomunicações. Esse é o argumento para inclusão da Vila Olímpia.
Operadoras descontentes

Na coletiva de imprensa do anúncio, estavam presentes, além do prefeito da cidade, João Dória, seu vice, Bruno Covas, representantes da AES Eletropaulo e João Moura, da Telcomp. O discurso de todos, alinhado, tratava do benefício visual, de qualidade de vida e valorização das áreas impactadas pela iniciativa.

Nos bastidores, porém, as operadoras de telecomunicações mostram descontentamento com a medida. Para estas empresas, o enterramento retira dinheiro de investimentos para expansão da rede a áreas não atendidas, sem gerar qualquer receita adicional.

Moura, da Telcomp, lembra que os custos de enterrar a fiação é alto. “As redes na verdade precisarão ser totalmente refeitas, dos postes à ligação à casa dos clientes. Todos preferíamos não ter postes nas ruas, visualmente, mas o poste é essencial à disseminação da banda larga”, diz.

As teles também reclamam da falta de alternativas. Por lei, a AES Eletropaulo pode retirar os inquilinos de seus postes 120 após um aviso prévio. O que deixa as operadoras de mãos atadas para negociar prazos, caso a AES negocie diretamente com a prefeitura e concorde em colocar novos trechos no programa.

Para as teles, será preciso uma grande articulação. Segundo Moura, o orçamento deve ser rateado conforme o volume e capacidade demandada. Em algumas vias, será preciso enterrar equipamentos de 24 operadoras.

Segundo Dória, o programa Cidade Linda Redes Aéreas vai crescer nos próximos anos. “Vamos anunciar nos próximos meses futuras etapas de enterramento”, afirma.
O que já foi enterrado

O processo de eliminação dos postes da paisagem urbana de São Paulo não é novo, e gera atritos entre todos os envolvidos. A última gestão, do petista Fernando Haddad, emitiu um decreto que previa o enterramento de 250 Km ao ano de redes. O texto foi contestado pela AES Eletropaulo, e suspenso por liminar.

Ainda assim, foram enterradas redes em diversas vias nos últimos quatro anos. Entre elas estão as obras da região da Av. Paulista (Av. Bernardino de Campos e Al. Santos), no entorno do estádio do Corinthians, em Itaquera, no Largo da Batata, na Av. Faria Lima e na Av. Chucri Zaidan.

 

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