Depois de dois anos em análise, a Anatel decidiu que a oferta de canais lineares na internet não é Serviço de Acesso Condicionado (SeAC), portanto não são regulados pela agência. Com isso, libera a Fox+ e outros canais da Disney que vendiam o serviço, mas que tiveram de suspender por força de medida cautelar.
Para o fundador da Guigo TV, Renato Svirsky, o grande vencedor dessa batalha é o usuário, que já adotou o streaming e quer mobilidade também de canais. Ele disse que o SeAC apenas beneficiava os oligopólios e a pirataria, que cresce a números assustadores.
Segundo Svirsky, a lei do SeAC já deixa claro que canais por aplicativo é Serviço de Valor Agregado (SVA), mas acha que foi preciso a Globo agir para que a decisão saísse. Isto porque, a Globoplay anunciou a venda direta de canais pela internet no final do mês passado.
Svirsky entende que a Lei do SeAC tem coisas boas, como as cotas para produção nacional, mas elas acabam em 2022. Mas não coloca o consumidor como centro da norma. “As exigências acabam elevando o preço do serviço”, afirma.
Com a decisão, a Guigo TV projeta crescimento rápido do serviço, especialmente por meio de parcerias com os ISPs. “Os provedores conhecem os clientes na ponta e sabem qual a solução indicada”, disse Svirsky. Pelo acordo, os clientes dos provedores têm descontos na plataforma.
Para outubro, a Guigo TV prevê o lançamento de conteúdo on demand de 40 canais, como CNN Brasil, Disney Junior, ESPN Extra, ESPN Brasil, ESPN, Ei Plus, Disney Channel, Disney XD, Tv Rá Tim Bum, Cartoon Network, TLN Network, AMC, Film&Arts, Trace Brazuca, Trace Urban, Trace Latina, SIC Internacional e Eurochannel. No futuro, a empresa quer conquistar assinantes de outros países da América Latina.
Watch Brasil
O sócio fundador da Watch Brasil, Maurício Almeida, comemorou a decisão da Anatel, liberando a oferta de canais lineares pela internet. Segundo ele, sua empresa já tem um produto pronto para botar na rua e espera adesão maciça dos ISPs.
Para Almeida, a aplicação da lei do SeAC na internet funcionaria como uma camisa de força, “não se conquista audiência por lei”, ressalta. Ele afirmou que as exigências da norma, especialmente com o must cary (distribuição obrigatória de canais), tornava o preço de entrada do serviço muito alto, o que justifica a fuga de assinantes.
Almeida disse que do jeito que o mercado estava, só beneficiava a pirataria. Com a decisão, os usuários devem migrar para os serviços pela internet, porque, no seu entendimento, vão preferir ir para uma situação regular, sem riscos, como se dá com o roubo de sinal.
O sócio da Watch TV espera uma agitada no mercado de streaming, mas ressalta que o churn é muito alto, em torno de 25%, e as empresas precisam ficar atentas a isso. Ele disse que a propensão é o cliente ficar trocando de serviço a depender do conteúdo. No caso da sua empresa, a situação é melhor já que funciona como um market place.
A Watch Brasil também depende do apoio dos ISPs para crescer. Almeida informa que seu aplicativo é compatível com 15 dispositivos diferentes, o que facilita a agregação de clientes. Sua carteira já conta com 200 mil assinantes.
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