Criada para atender à rede estadual de educação, centros de pesquisa, parques tecnológicos, bibliotecas, museus, hospitais de ensino, campi universitários, a Rede Pernambucana de Educação e Pesquisa – RePEPE, com velocidades de 1 a 10 Gbps, já nasceu com 80 pontos, que integram as redes Ícone e Vasf. E mais 12 que foram ativados nas outras 20 cidades onde estão seus POPs. Mas quando a segunda fase do projeto estiver concluída, segundo Leonildo Sales, secretário executivo da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco, responsável pelo projeto, a RePEPE vai interligar mais de 500 pontos públicos.
Para a segunda fase, que começa agora com o levantamento de informações nos municípios de Caruaru, Belo Jardim, Garanhuns e Serra Talhada, Sales quer uma participação maior dos provedores regionais de acesso à internet. Ele apresentou ontem, 12, o projeto da RePEPE durante o Encontro Provedores Recife, promovido pela Bit Social, que reuniu mais de cem empresários da região na capital pernambucana. O modelo será o mesmo da primeira fase: uma parceria público-privada não tradicional. A RNP faz a chamada pública, o provedor se inscreve, apresenta seu ativo, que será avaliado pela RNP.
Se o ativo for selecionado, ele poderá receber um investimento adicional se necessário (equipamento de transmissão, por exemplo), bancado pelo poder público, ou o uso do ativo na última milha poderá ser permutado por uso de par de fibra óptica pelo provedor no backbone. “Este é modelo”, explicou Leonildo Sales à plateia, informando que é bastante flexível. Além da permuta por fibra, já que a Secti tem direito a 20 pares de fibra do backbone, ela tem também um acordo guarda chuva com a Celpe para uso dos postes que pode repassar aos provedores.
Inovação
Se o modelo de parceira público-privada construído pelo governo de Pernambuco é bastante inovador – este modelo já vem sendo usado pela RNP, que por ser Organização Social não tem as limitações da administração direta ou da empresa pública -, ele também teve que ser criativo para conseguir incluir a conectividade dentro de um convênio que já tinha com o BID para apoio a arranjos produtivos locais. Segundo Sales, não foi tarefa fácil convencer à burocracia do banco de que sem internet não seria possível as vinicultores de Petrolina emitirem as notas eletrônicas de seus produtos e acompanharem o mercado internacional; nem as empresas de confecção de Caruaru poderiam montar suas lojas on-line para comercializar seus produtos, por exemplo. Além desses dois polos, o Pro-APL contemplava o polo de gesso de Ouricuri e o de laticínios de Garanhuns.
Só foi após esse convencimento que o governo de Pernambuco teve os recursos para montar a RePEPE. Da operação de crédito com o BID foram usados R$ 6,8 milhões para a compra de equipamentos de transmissão para iluminar os cabos ópticos – a licitação, conduzida pela RNP, foi vencida pela Huawei. Parte dos cabos foi fornecida pelos provedores qualificados na chamada pública feita pela RNP – BR Fibra e Atel –, pois eles já tinham rede instalada na rota, e parte complementar pela RNP. Os provedores são também os responsáveis pela manutenção dos backbone.
O “consórcio” se completa com o acordo firmado entre o governo do estado e a Celpe para utilização de sua rede de postes. Em contrapartida, a Celpe pode usar a capacidade do backbone.
Até janeiro, Sales pretende concluir o levantamento da demanda das quatro cidades por onde vão iniciar a segunda fase. Ou seja, quais pontos públicos vão ser conectados e onde estão as redes das iniciativa privada nessas cidades. Cruzadas as informações, será possível saber se o poder público terá que investir recursos adicionais ou se as permutas serão suficientes para colocar as redes em operação e cuidar de sua manutenção.
Num levantamento preliminar, a Secti estima que a rede de Caruaru terá 60 km e 19 pontos e a de Garanhuns 18 km e 18 pontos. Sales espera que até meados de 2019 as quatro primeiras cidades estejam com suas redes prontas. Mas diz que outras redes poderão ser montadas paralelamente. “Tudo vai depender do interesse dos provedores que tenham rede nas cidades por onde passa o backbone e da articulação local”, acredita ele.