O CFO da EB Fibras, Felipe Matsunaga, afirma que o mercado de capitais cada dia conhece mais esse mercado, que ganhou relevância maior no início da pandemia do coronavírus. “Vocês têm um negócio brilhante, mas precisa estar 100% organizados”, recomendou. Ele entende que os provedores devem acertar suas práticas pensando em continuar com o negócio e não apenas vender. “O dinheiro é finito e nem todo o mundo vai conseguir ser comprado, mesmo com o assédio dos fundos, o certo é pensar que vai ter mais competição”, avalia.
Matsunaga tem experiência grande neste mercado. Só em 2021, o fundo comprou sete operações e já soma 800 mil assinantes e um backbone de mais de 80 mil Km. A expectativa é de novas aquisições e de fechar o ano com mais de um milhão de clientes.
Segundo Matsunaga, o fundo EB Capital é nacional e gosta bastante de rede de fibra óptica e está olhando para operações próximas das suas redes, seja no mercado B2B ou B2C. A EB Fibra trabalha com empresas regionais e mantém as marcas adquiridas, mas unifica processos e práticas de governança.
“Engordar o porco”
Para o Managing Director do banco Santander e que já trabalhou na área de telecomunicações, Valder Nogueira, a instituição tem um olhar construtivista sobre o setor, inclusive para crédito, mas o provedor precisa mostrar um plano de negócio que faça sentido e prove que tem capacidade de gerar caixa, além de mostrar suas práticas de governança. “Pedir dinheiro para engordar o porco e depois vender para um fundo não é uma justificativa que empolgue”, disse.
Para Nogueira, é preciso provar que o negócio tem um diferencial, a governança está em alta e ter em mente que o valor da empresa é sempre a some de seus ativos. “Nem tudo que reluz é ouro”, destaca.
O sócio do BTG Pactual e responsável pela área de investimentos e participações, Pedro Henrique Fragoso, o mercado de ISP não era “sexy” até há pouco tempo, mas agora está superaquecido e os analistas estão cada vez mais conhecedores dos problemas. “Quem faz o preço das empresas são as grandes casas de análise, que já adotam parâmetros para avaliação dos provedores”, disse.
De acordo com Fragoso, os fundos de private equity preferem os provedores que atendem o varejo, que têm capacidade de fazer caixa mais rapidamente, mas acredita que o atacado também tem espaço, porque a infraestrutura vai se tornar mais relevante nos próximos anos. O BTG já detém, por meio dos fundos que gere, a Globenet, que atua na área de cabo submarino e SVA e, em julho, arrematou o controle da InfraCo da Oi, por cerca de R$ 13 bilhões, operação ainda em análise pelos órgãos reguladores.
Brisanet
Já Leonardo Moura, sócio da XP Investimentos, os provedores precisam se preparar para receber capital de crédito, de aportes, de sócios ou para vender a operação, por meio de adoção de processos, auditoria, práticas tributárias recomendadas. “Para um banco credor, ele vai precisar provar a capacidade de gerar caixa, e para um fundo, mostrar capacidade de crescimento”, disse.
A XP foi uma das instituições responsável pela oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Brisanet, considerada de grande sucesso. Moura explica que o empreendedor e seu time conseguiram provar que cumprir o planejamento com maestria ao longo dos anos.