Pela primeira vez, o estudo da União Internacional das Telecomunicações (UIT) “Measuring the Information Society Report 2017” dedicou um capítulo às novas tecnologias de IoT, nuvem, big data e inteligência artificial, que estão em processo de amadurecimento e devem revolucionar o cenário das aplicações e uso das TICs na sociedade. Mas, para que possam absorver todos os benefícios dessa nova geração de tecnologias, o estudo observa que os países precisam preparar sua infraestrutura de rede e de serviços.
A disparidade entre as infraestruturas de rede das cinco regiões que integram a UIT, observadas no estudo, é um dos motivos de preocupação da entidade. A Ásia registrou a maior velocidade de download em linhas fixas, seguida de perto pela América do Norte e pela Europa. A maior média de upload foi encontrada nos países da Europa central e oriental, também seguida por Ásia e Pacífico. América do Norte e Europa Ocidental ficaram em terceiro e quarto lugar e, depois, América Latina e África. Na plataforma móvel, Ásia e Pacífica, Europa Ocidental e América do Norte têm as maiores velocidade de download; América do Norte, Ásia e Pacífico e Europa Ocidental, as maiores velocidade de uploads.
A latência melhorou, no ano de 2016, tanto na rede fixa quanto na móvel em todas as regiões, segundo os dados apurados pelo estudo. Como esperado, em 2016, Oriente Médio e África registravam as maiores latências tanto na rede móvel quanto na fixa. Redes fixas na Ásia e Pacífico e redes móveis na Europa Ocidental foram as que apresentaram a latência mais baixa. A diferença de latência na rede fixa entre as regiões subiu ligeiramente entre 2014 e 2016, mas caiu no que se refere às redes móveis.
O estudo lembra que velocidade de download e upload e latência não são as únicas dimensões de qualidade de serviços que têm importância. Mas para algumas aplicações de IoT, como na comunicação com veículos autônomos, por exemplo, a latência é pré requisito mandatório.
Estimativa de receitas
Pelos dados coletados pelo estudo, das quatro tecnologias que compõem a nova geração de TICs, a mais promissora em termos de geração de receitas é a IoT, que deve atingir, em 2025, US$ 640 bilhões em nível mundial. Em termos de potencial, em seguida vem a nuvem pública, com US$ 489, 8 bilhões. As projeções para o big data apontam receita globais em 2025 de US$ 88,5 bilhões e para inteligência artificial de US$ 36,8 bilhões.
Uma das questões que envolve todas as novas tecnologias e à qual o estudo dedica atenção é a dos dados gerados pela adoção generalizada de TICs. Segundo previsões da indústria, os dados gerados globalmente aumentarão de 145 zettabytes (ZB) 16 em 2015 para 600 ZB até 2020. Grande parte dessa informação é efêmera ou local e não pode ser transmitida ou armazenada por longos períodos. Por exemplo, uma fábrica pode gerar 50 petabytes (PB) de dados por dia, mas apenas 0,2 % são transmitidos. A quantidade de dados armazenados em centros de dados deve crescer a uma taxa anual composta de 40%, de 171 exabytes (EB) em 2015 para 915 EB até 2020. Até 2020, 247 EB dos dados armazenados em centros de dados – cerca de 27 por cento – estarão relacionados para grandes análises de dados. Este é um aumento de dez vezes a partir de 2015, quando este montante era de cerca de 25 EB. Estes números sugerem que menos de metade dos dados gerados pela IoT serão armazenados, aponta o estudo.
“Esse rico conjunto de dados pode ser utilizado para melhorar a eficiência da produção e distribuição de bens e serviços, para melhorar o bem-estar e apoiar uma sociedade mais aberta e inclusiva. Parte desses dados podem ser minerados, analisados e colocados em uso produtivo localmente. Por exemplo, informações capturadas pelo tráfego inteligente. As luzes usadas para otimizar os fluxos de tráfego podem ser eliminadas após um curto período. Informação selecionada pode ser comunicada a um ponto de agregação que coleta dados para uma área geográfica maior”, analisam os autores.
Se no passado muitos desses aplicativos estavam correndo em redes especializadas separadas, hoje, existem redes convergentes, impulsionadas pela implantação das NGNs, que suportam diferentes necessidades de comunicação. Segundo o estudo, a disponibilidade de ofertas diversas, NGNs e serviços adequadamente configurados são uma importante pré-condição para suportar armazenamento descentralizado, processamento e analítico online em nuvem. “Isso permitirá ter insights disponíveis onde quer que seja para apoiar novas e inovativas aplicações”, diz o estudo, para concluir: “Velocidade de upload e download, latência e outros indicadores de qualidade são importantes parâmetros que vão influenciar como os benefícios da economia digital podem se dar num determinado lugar.”
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