Oi dá início a plano para tentar recuperar clientes perdidos para ISPs


A Oi traçou um plano para recuperar clientes na banda larga fixa e combater o avanço dos provedores regionais em cidades onde sempre atuou. A operadora vai usar a capilaridade de sua rede de transporte e abrir portas mais rapidamente para FTTH, reduzindo custos de implantação de redes de fibra entre 30% e 50% na comparação com projetos tradicionais, em que uma rede de fibra é implantada com a troca do elementos de redes de cobre por sistemas ópticos. A implementação de rede de fibra em 19 cidades anunciado pela tele há pouco tempo faz parte deste esforço.

Conforme a Oi, sua rede de fibra óptica de transporte tem 350 mil Km, espalhados por 2 mil cidades, somando-se backbone e aneis metropolitanos. Será possível abrir portas para ampliar rapidamente a quantidade de bairros atendidos com ofertas de ultra banda larga e fazer homes passed onde as redes atravessam.

PUBLICIDADE

A previsão da companhia é chegar a 6 milhões de homes passed com FTTH no fim do primeiro semestre de 2020. Já neste ano, a companhia chegará a 1 milhão de homes passed, além de outro milhão de casas em regiões prontas para iniciar a instalação da última milha em fibra.

“A demanda de mercado é que determinará os locais e o ritmo de implantação”, ressaltou Carlos Brandão, CFO da Oi, durante conferência dos resultados do segundo trimestre, ocorrida hoje (14). O plano é de curto prazo e independe do aumento de capital previsto para acontecer neste ano. Com o aumento, a tele fará investimentos para levar fibra a 4 mil cidades e implantar 4,5G via refarming da frequência de 1,8 GHz em 3,5 mil cidades.

Piloto

Para elaborar a estratégia, a Oi realizou um teste na cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro. A empresa implantou a eletrônica de acesso sobre a rede de transporte e abriu portas para atender 15 mil residências no começo do ano. Em oito semanas, a empresa atingiu market share de banda larga de 18,3% na cidade. Até então, havia apenas um ISP local explorando FTTH, com 7% do market share.

Na cidade litorânea, a empresa passou a vender planos de acesso com velocidades de 50, 100 e 200 Mbps. Segundo Bernardo Winik, diretor comercial, os preços praticados ali tiveram elasticidade de 15% sobre os concorrentes locais, sem problemas na conversão. O executivo lembra, no entanto, que os valores serão estudados mercado a mercado, uma vez que a mesma taxa pode não se materializar onde haja mais ISPs ou outros concorrentes maiores.

O uso da rede de transporte para criar diretamente os acessos reduz não apenas custos, como também o tempo de lançamento dos produtos. Os executivos explicam que o plano dividiu toda a extensão do backbone e das redes metropolitanas em pequenas células, a fim de identificar exatamente as regiões com potencial de retorno. Onde houver capacidade, a estratégia será usada.

Eles afirmam que não haverá impacto negativo sobre a robustez e resiliência da rede de transporte, seja para o acesso em banda larga, seja para a telefonia móvel. “Nossa rede de transporte está sempre dois a três anos à frente da nossa necessidade”, disse José Claudio Gonçalves, o Naval, diretor de operações.

Onde não tem fibra, novas ofertas

A operadora também quer evitar a saída de clientes da base de cobre com adequação das ofertas locais. Para isso, a tele começou um reposicionamento dos planos e pacotes de banda larga a fim de competir no custo benefício com os provedores locais.

Para isso, manter a aposta nos bundles, os pacotes convergentes compostos por telefonia (fixa e móvel), TV paga e banda larga fixa. Mas vai definir preços e pacotes por cidade. A intenção é vender serviços regionalizados, adequados à demanda local e capazes de fazer frente ao que a concorrência do pequeno provedor pratica. Nada será feito sem levar em conta a rentabilidade, afirmam. Tanto que ofertas com menor margem deixarão de ser comercializadas.

Winik acredita que o cenário de competição com os ISPs também deve sofrer uma ligeira transformação no curto prazo, graças à tendência de consolidação. “Os ISPs têm outro nível de regulação, de exigências de SLA [o que dificulta a competição]. Mas esperamos uma consolidação desse mercado e o surgimento aí de médios players. Com a estratégia de expansão, a gente espera ter um excelente nível de competitividade e retomar o mercado em regiões que a gente já atendia”, falou.

Contexto

A operadora vem sofrendo com a disputa por mercados no interior do Brasil, onde há avanço dos provedores regionais. Estes esperam superar, em número de assinantes, a Oi ainda este ano graças ao aumento de adições em suas bases e à perda de clientes por parte da concessionária.

A base de banda larga fixa da Oi encolheu cerca de 3,6% a.a., conforme os dados mais recentes da Anatel, referentes a junho de 2018. Ao mesmo tempo, as do conjunto de ISPs aumentou 49%. A Oi tinha 6,2 milhões de clientes naquele mês no segmento, enquanto os ISPs tinham 5,44 milhões.

Previous Abrint apoia autoridade de dados no formato multistakeholder
Next BNDES vai iniciar operações diretas para provedores no último trimestre

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *