O mercado de operadoras móveis virtuais está aquecido, mas ações regulatórias como as ofertas de referências para MVNOs, que devem sair brevemente, podem acelerar a abertura de novas companhias. A avaliação é do head of New Business Development da Fluke, André Mello, que prevê oferta para os operadores virtuais com valores abaixo dos aprovados pela Anatel como remédio para a venda da Oi Móvel.
Mello, um dos painelista da INOVAtic Sudeste, iniciado nesta terça-feira, 5, disse que as MVNOs precisam ser flexíveis, apresentarem modelos de negócios ajustados aos nichos que pretendem atender e manter um relacionamento diferenciado. Na sua operadora, por exemplo, que é totalmente digital, o atendimento ao cliente é só por humanos, em contact center próprio.
Outra diferenciação da Fluke é que o modelo de negócio, baseado em quatro tipos de planos pré-pagos, permite que o cliente entre e saia na hora que quiser. Isso, na opinião de Mello, leva a um engajamento maior, ou seja, cresce o número de novos clientes indicados por antigos. Mas adverte, o MVNO não é um negócio que dá dinheiro em seis meses. “É preciso manter os modelos consistentes por mais tempo para ter melhores resultados”, disse.
Trabalho perene
O CEO da Supernova, Marco Sandro Oricchio, MVNO que trabalha no esquema B2B2C e desenvolve APIs (interfaces) para agregar valor ao serviço prestado, tem o mesmo entendimento sobre o tempo de resultado das operadoras virtuais. “É preciso um trabalho perene, depurador, por isso muitas marcas chegam e desaparecem do mercado”, afirmou.
Para Oricchio, MVNO não é apenas levar um chip com a marca do cliente, mas conhecer o mercado onde está inserido e oferecer vantagens que facilitem o crescimento desse negócio e é isso que a bagagem de TI da Supernova pode agregar. “Não queremos uma base grande de acessos, mas uma quantidade suficiente para que possamos atender de modo diferenciado”, disse.
O CEO da Supernova afirma que, apesar de muito fechado, o mercado de MVNOs tem espaço para todo mundo, desde que a empresa tenha foco, saiba construir e entregar. “Não é só um serviço de telecomunicações, é um conjunto de variáveis para ter destaque”, disse.
Simplicidade
A head de MVNO da Claro, Thaís Lamas, ressalta que o mercado de operadoras virtuais está crescendo, mas há ainda muito caminho pela frente. “São muitos desafios pela complexidade do modelo, mas há muitas oportunidades pela frente”, disse.
Thaís afirma que a Claro optou por trabalhar com simplicidade, com foco no modelo de credenciada, e construiu uma plataforma digital capaz de ofertar novos planos de serviço no prazo de uma semana, se todas as exigências regulatórias forem atendidas. “MVNO é uma bomba injetora, quando o projeto é vencedor”, afirma, relatando que há muita convergência entre diversos setores, como o varejista e bancário, a serem explorados. Thais disse que a Claro fechou uma parceria com o Magazine Luiza, de muito sucesso.
Segundo ela, o contrato de MVNO permite que os usuários da operadora virtual tenham acesso a todas as tecnologias ofertadas pela Claro, e não será diferente com o 5G, porém alerta para o device do usuário, que precisa suportar a tecnologia.
O INOVAtic Sudeste é uma realização do Tele.Síntese e vai continuar até quinta-feira, 7, com debates virtuais, sempre pela manhã.