Durante o isolamento social, observamos uma maior dependência da tecnologia entre as pessoas, já que elas aumentaram a frequência do uso de aplicativos para chamadas de vídeo e reuniões de trabalho, compras online, acesso a redes sociais, uso de apps de entrega de alimentos, serviços de streaming, etc. Essa necessidade de conexão também foi observada pela maioria das empresas e, muitas delas, decidiram investir de vez na Transformação Digital. De forma resumida, isso significa que foi preciso realizar uma reestruturação dos métodos das companhias, absorvendo uma cultura digital com o objetivo de facilitar os processos e, por consequência, ganhar produtividade.
Vale lembrar que o ano passado foi marcado pelo maior número de desempregados que o Brasil já teve, atingindo o volume de 13,4 milhões de pessoas – uma taxa média anual de 13,5%. Ao mesmo tempo, apesar das dificuldades que a pandemia trouxe, algumas áreas se destacaram, como a de tecnologia e dados. Por conta dessa aceleração dos processos digitais nas empresas, os profissionais que atuam com tecnologia foram ainda mais requisitados, já que tiveram que repensar e viabilizar boa parte do modelo de negócios para aproveitar de vez as oportunidades do ambiente digital.
Conforme a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o mercado de tecnologia da informação deve criar 264 mil vagas nos próximos quatro anos. Entre os profissionais mais requisitados pelo mercado nesse período está o Analista de Dados, função que geralmente apoia uma tomada de decisão fundamentada na análise de dados da empresa.
O dado foi corroborado em levantamento realizado pela PageGroupe, que aponta os profissionais especializados em dados entre os mais relevantes de 2021 pelo fato de possuírem um papel importante nas áreas de negócios das companhias ao extrair, armazenar e analisar todas as informações. O cargo vem despertando o interesse de diversos profissionais pelo crescente número de vagas disponíveis e a remuneração oferecida pelo mercado de trabalho – empresas pagam até R$ 17.250 por mês, de acordo com recente relatório da consultoria Robert Half.
Como as companhias se transformam de uma maneira mais ágil do que o modelo educacional consegue se mover hoje, existe uma lacuna no mercado que precisa ser resolvida rapidamente. Atualmente, os bootcamps são uma excelente opção para preencher esse espaço, por serem cursos rápidos de alta qualidade técnica e que oferecem a mesma carga horária de estudos em relação a uma graduação.
Até mesmo pela alta demanda por esse tipo de profissional, as empresas têm aceitado cada vez mais pessoas treinadas por meio desses cursos intensivos. Um exemplo disso é que há dez anos, o Google exigia formação em universidades renomadas e, hoje, a seleção da companhia é muito mais focada no portefólio de cada candidato, no histórico de aprendizagem e dos problemas resolvidos com a tecnologia.
Até pouco tempo, raramente se falava em análise de dados. Por essa razão, ainda temos tão poucos profissionais especializados na área. De uns anos para cá, a função ganhou outro nível de relevância com a necessidade das companhias em realizarem a Transformação Digital e, com isso, terem a possibilidade de ampliar o alcance dos seus negócios. Felizmente, iniciativas como os bootcamps de tecnologia podem acelerar a formação de profissionais capacitados e ajudar o mercado a encontrar esses talentos mais rapidamente.
*Alexandre Tibechrani é General Manager Latam da Ironhack, escola global de tecnologia e programação presente no Brasil e em outros oito países.