* Por Paulo Asano
Metaverso é uma definição nova para tecnologias já existentes, mas agora pode revolucionar as relações de trabalho. O termo foi cunhado na década de 1990 pelo escritor Neal Stephenson, no best seller “Snow Crash”, no qual já antevia uma realidade digital que chamou de metaverso. O conceito atual de metaverso compreende um espaço digital coletivo e compartilhado, resultado da união de realidade virtual, realidade aumentada e internet.
Da literatura para a vida real, a palavra ganhou popularidade e desde o ano passado é uma das keywords mais buscadas no Google, especialmente depois que Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, divulgou que mudaria o nome da companhia para Meta Platforms Inc.. Apostando no metaverso como o futuro da internet, ele anunciou investimentos pesados em desenvolvimento, equipamentos e pessoas (só na formação de programadores serão aplicados US$ 150 milhões).
Não estamos falando de uma tecnologia recente. Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA) já são conceitos conhecidos e discutidos no dia a dia, e a maioria das pessoas já utiliza alguma delas sem se dar conta. Um exemplo típico de RA que usamos no cotidiano são os filtros do Instagram. E quem já foi a uma sessão de cinema em 3D pelo menos uma vez já teve a oportunidade de vivenciar a RV.
No início do milênio, o Second Life, um ambiente virtual e tridimensional que simula a vida real e social do ser-humano por meio da interação entre avatares, já permitia ao usuário se aproximar dessa experiência que, atualmente, estamos chamando de futuro da internet. Hoje, jogos populares como Roblox e Fortnite são ícones de um ambiente digital por onde circulam ativos – como roupas e acessórios para os personagens – que nunca serão tocados por mãos humanas.
O dinheiro virtual (criptomoeda) é outra realidade presente que atrai novos investidores (ou mineradores) a cada dia. Atualmente, as moedas digitais mais conhecidas são a Bitcoin e a Ethernun, circulando em redes de blockchain, onde operações se concretizam por meio de validações colaborativas.
Com a implantação do 5G, os próximos 10 anos vão significar um salto para o metaverso. O vice-presidente do Gartner, Marty Resnick, disse recentemente que 25% das pessoas ao redor do globo vão passar algum tempo no mundo digital até 2026, quando 30% das organizações do mundo terão produtos e serviços no ambiente online.
Estamos falando de frentes produtivas que vão da indústria, até varejo. Imagine um operador de um sistema elétrico, hoje acostumado a operar seis ou oito monitores simultaneamente. A partir do metaverso, ele precisará apenas de um par de óculos para gerenciar 15 (ou mais) painéis interativos e responsivos. Essa mesma tecnologia permitirá que médicos consigam analisar e interagir com exames de Raio-X, sem necessidade de se posicionarem em frente a um computador.
Por sua relevância, o tema foi destaque no Mobile World Congress, realizado no início de março na Espanha, onde foram discutidos gargalos e necessidades para a implementação definitiva do metaverso e o crescimento do IoE (Internet of Everything).
Transformação digital nos modelos de trabalho
A pandemia acelerou o processo de “Work From Anywhere”, contudo, o distanciamento não precisa ser sinônimo de isolamento e as soluções adaptadas para o metaverso farão com que essa barreira do distanciamento seja encurtada, abrindo inúmeras oportunidades de inclusão no meio colaborativo. Além disso, a nova geração de talentos será ainda mais conectada e “faminta” por inovação. Empresas que não se adaptarem à evolução tecnológica, com certeza não serão opções para essa nova era de profissionais.
Nos novos modelos de trabalho híbrido, ou em operações geograficamentre distribuídas, o metaverso será o caminho natural para engajamento, networking e gestão de pessoas, ampliando as funcionalidades de ferramentas colaborativas e permitindo, por exemplo, projetar gráficos e imagens em salas de reuniões virtuais, ou interagir com computadores e colaboradores à distância.
Em breve, todo esse fluxo de dados vai rodar em múltiplas nuvens, na Edge Computing, com a velocidade do 5G (mas o mercado já se movimenta em torno de uma banda ainda mais parruda, o 6G, que deve resolver problemas de alcance e latência ainda vistos nas conexões atuais), o que induz a novos desafios nas áreas de cibersegurança e compliance.
Infraestrutura e ESG
Num momento em que cada vez mais as companhias precisam estar atentas às questões ambientais, sociais e de governança corporativa, determinadas por critérios do que se convencionou chamar de ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance), a gestão de pessoas anda lado a lado com a preservação ambiental. Essa necessidade competitiva deve levar organizações a optarem por reduzir infraestrutura física, fortalecendo o conceito do Workplace of the Future. Isso inclui enxugar os altos custos com energia e espaço ocupado pelos datacenters, com soluções de hiperconvergência.
Hoje já conseguimos resumir servidores inteiros a pequenas gavetas, em equipamentos com melhor performance e maior flexibilidade, gerenciando dados em ambiente multicloud. Com a evolução da banda larga e o crescimento dos SaaS (Software as a Service), escaláveis e atualizados, a consolidação de uma economia formal conectada ocorrerá em todos os setores, num movimento “puxado” por grandes marcas globais como Nike, Ralph Loren e Gucci, entre outras, que já vêm estabelecendo operações no metaverso. No Brasil, Itaú e Lojas Renner, por exemplo, já atuam no mundo virtual, ambas em parceria com a Fortnite. O futuro já chegou! E a sua empresa está preparada para essa evolução?
*Paulo Asano-é CEO da Populos