O estudo revela que a desigualdade social continua a ser fator determinante para o acesso à internet. Enquanto o porcentual de pessoas da classe A com acesso foi de 92%, nas classes D e E o índice fica em 48%. Ou seja, quase a metade da população pobre não entrou na rede nos três meses anteriores ao momento da entrevista, conforme o conceito utilizado.
Houve, porém, melhora desse índice. Em 2017, o porcentual das classes DE que usavam a web era de 42%. Nenhuma outra classe teve expansão no acesso tão forte quanto a DE. A classe C passou de 74% para 76%, enquanto a classe A passou de 96% para 92% neste ano.
Outros dados mostram ligeira redução do fosso digital no que diz respeito às diferenças entre cidade e campo. Nas zonas urbanas, 74% das pessoas entram na internet. Na área rural, 49%. Ano passado, a diferença entre essas populações era de 27 p.p. Neste ano, reduziu-se para 25 p.p.
A amostra usada na pesquisa contém 23.508 domicílios, em 350 cidades. A coleta das informações se deu entre outubro de 2018 e março desde ano.
UNIVERSALIZAÇÃO
Para Fábio Senne, coordenador de pesquisas do CETIC.br, os dados sobre o cenário brasileiro podem ser considerados próximos do cenário visto nos países mais desenvolvidos que integram a OCDE.
“A média dos países desenvolvidos é de 86%, aqui é de 70%. Então não estamos tão distantes. E a tendência nos países desenvolvidos é não chegar nos 100%, pois há uma faixa da população que ou não tem interesse, ou não usa por algum outro fator, especialmente as faixas mais idosas da população”, afirma.
Para ele, os dados desta edição mostram que crises ou de falta de políticas públicos não reduziram a demanda por internet no país, especialmente por causa da atração dos mais jovens. “À medida que as pessoas mais novas já estão na internet, a tendência é que ao longo do tempo, a universalização ocorra. O problema está nas populações mais vulneráveis, classes mais baixas, que vivem em áreas rurais e sem acesso, ou pessoas com mais de 60 anos. Para esses grupos serão necessárias políticas públicas”, avalia.
CELULAR É REI
Os dados do CETIC.br mostram que o grande responsável por colocar o brasileiro na rede é o celular. 97% dos usuários entrevistados afirmam que usaram o dispositivo para navegar nos últimos três meses, um crescimento de 1 p.p. em relação à pesquisa de 2017.
O uso do computador segue em queda livre. Este ano, 43% das pessoas afirmaram que usaram um PC. Na edição anterior da TIC Domicílios, 51% afirmavam que tinham acesso por computador. Em 2014, há cinco anos, 80% alegava usar o microcomputador.
Os dados mostram ainda o impacto do crescimento das vendas de smartvs. Estas já são usadas por 30% dos respondentes para acessar a web. Ano passado, eram por 22%. O videogame aparece estável, com 9% dos acessos.
Novamente a desigualdade se faz presente. Na classe A, 84% das pessoas dizem que acessam a internet tanto por PC, quanto por celular. Essa margem vai se reduzindo nas classes B (67%), C (35%) e quase desaparece na DE (13%). Na classe DE, 85% das pessoas usam somente o celular para navegar, e nenhum outro dispositivo.