ISPs reclamam da excessiva concorrência no Nordeste


Crédito: Tele.SínteseMar vermelho, prostituição, canibalismo. Assim o CEO da Link Cariri, Elgton Lucena resumiu a forte concorrência no mercado de ISP no interior do Nordeste. “É fácil encontrar cidades com 10 mil, 15 mil habitantes com três a quatro provedores com fibra óptica, todos com acesso a tecnologias muito boas e oferecendo uma conectividade de qualidade, com equipamentos robustos e sem muitas adaptações”, disse.

Outro sintoma dessa grande competição, é ver casas com quatro ou cinco saídas de links. “Os clientes ficam pulando de um provedor para outro, aproveitando as promoções ofertadas, o que demonstra o grande desafio de manter uma operação rentável em cidades desse tipo”, disse Lucena, ao participar, nesta sexta-feira, 23, do INOVAtic Nordeste.

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O CEO da Proxxima Telecom, Leonardo Gomes Filho, disse que, apesar da forte concorrência, ainda há espaço para crescer. “Nós estamos no contrafluxo do mercado, começamos a operar em janeiro de 2021 e fomos criados para surfar uma vibe de consolidação nesse setor de margens muito altas, mas com grandes investimentos em tecnologia”.

Segundo Gomes Filho, para crescer nesse mercado é preciso gastar muito antecipadamente para construir a infraestrutura e de dois em dois anos ou de três em três anos investir na evolução tecnológica. Para ele, a forte competição parece muito boa para o cliente agora, porém, lá na frente ele contará com redes precarizadas, sem qualidade nem evolução. “Com esse cenário, a consolidação é um movimento natural”, disse.

O modelo de negócio da Proxxima é investir em cidades grandes, capitais, onde ainda há espaço para crescer. “Estamos investimos muito forte e em 2022 instalamos 350 mil portas e para o ano que vem, vamos somar em meio milhão de home passed”, afirmou o empresário. Ele reconhece que há um arrefecimento no setor, com ISPs endividados e com a brincadeira de rouba monte, que queima qualquer caixa, está levando os provedores a se regularizarem em busca de consolidação.

O sócio-fundador da Ubannet, Danillo Ventura, também reconhece a saturação do mercado de ISP no Nordeste. “Não há mais cliente novo, o que existe é usuário mal atendido”, disse. Ele vê a estagnação do setor, com a volta das pessoas ao trabalho e as escolas.

Para Ventura, a saída dos provedores é diversificar o serviço, com algo verdadeiramente atrativo para os clientes. “E hoje no mercado isso é difícil, a maioria dos SVAs é voltada para a parte fiscal. Eu, de minha parte, estou agregando a parte de segurança, porque as pessoas se preocupam com isso de uma forma geral e, por isso, tendem a querer pagar”, afirmou.

Compartilhamento

Os provedores não temem a competição com as grandes operadoras, que não chegam a onde estão com serviço na casa de U$ 10, como diz Lucena. Nem apostam em redes neutras, já que todo provedor é cabista, na opinião de Gomes Filho. Mas apostam na boa experiência do cliente, observa Ventura.

Para os empreendedores, para fugir do endividamento excessivo, a saída é o compartilhamento de redes entre eles, ou parcerias. Essas atitudes também ajudam a resolver o excesso de fios nos postes. Mas há pouca movimentação nesse sentido.

 

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