Por Droander Martins*
Nos últimos anos, e especialmente após o surgimento do COVID, enquanto outros mercados ruíram, o setor de Telecomunicações teve destaque, eis que se mostrou cada vez mais indispensável em um país ainda carente de conectividade. Em razão disso, o número de investidores e fundos de investimento interessados no segmento de Telecom teve um crescimento exponencial, sendo este interesse comprovado através de diversos investimentos para expansão dos provedores ou a compra desses.
Mas o que buscam os investidores e consolidadores do setor?
Como muitas plataformas de investimento já estão formadas e existe uma escassez de operações médias e grandes aptas a serem investidas, o foco está voltado para pequenas operações bem organizadas ou passíveis de organização.
Estima-se que mais de 50% (cinquenta por cento) dos movimentos de consolidação serão baseados em aquisições de operações de pequenos ISPs (entre 1.000 e 10.000 assinantes), o que abrange a grande maioria dos provedores no Brasil. Para este movimento é necessário que estejam atuando com FTTH (Fiber to the Home – Fibra até a Residência), possuam um ticket médio saudável e um bom nível de organização.
E como o pequeno provedor deve se preparar para a consolidação do mercado?
Para participar de qualquer negociação, mesmo tendo um porte pequeno, é necessário passar por um processo de pré-venda, com o intuito de levantar toda a informação que o investidor precisa para realizar uma avaliação da empresa e seguir com a compra. Existe um passo a passo que estes investidores seguem para avaliar um negócio e em cada etapa o provedor deve estar preparado, munido de todas as informações indispensáveis para o êxito da negociação. Uma das formas de haver sucesso na negociação é estar acompanhado de um Advisor, que é quem irá aconselhar o provedor sobre quais diretrizes seguir. Realizar uma estruturação prévia atrelada a um Advisor qualificado facilita muito uma negociação e pode consistir no fator chave para o sucesso do negócio.
Devido a quantidade de IPOs que estão surgindo no mercado e a busca dos fundos por boas empresas para aquisição, a capacidade financeira e de compra dos grandes players irá aumentar, sendo um ótimo momento para realizar a venda da empresa.
A quantidade de recursos injetados no mercado de provedores no Brasil inteiro nos próximos meses será na grandeza de bilhões. Para suprir esta demanda alguns advisors de M&A estão focando na contratação de novos executivos e ampliando a carteira de finders. Além disso, hoje já existem plataformas digitais, como a VC Negociações, para intermediação de negócios (Marketplace de M&A da Vispe Capital, onde investidores podem acessar todas as oportunidades a venda).
Para que esta consolidação ocorra com sucesso e beneficie a todos do setor, um fator decisivo e de extrema importância é o preço das empresas. Atualmente muitos ISPs estão com uma visão distorcida quanto ao valor de suas operações, alguns muito acima da média de mercado sem possuírem justificativas coerentes para um preço tão elevado e outros com diferenciais incríveis e uma expectativa abaixo do valor de mercado, arriscando perder dinheiro em uma negociação.
Existem diversos fatores que impactam no valor de uma empresa: quantidade de rede regularizada na concessionária de energia, tipos de equipamentos utilizados na infra, estrutura societária, contabilidade estruturada, ativos de rede, capacidade de rede disponível para expansão, ticket médio de venda, gestão, governança, compliance, entre outros. O ideal é sempre realizar um Valuation formal, para que assim, os ISPs tenham assertividade e segurança em saber qual deve ser o valor justo do negócio.
Sua empresa está preparada para a nova realidade do mercado?
*Droander Martins é CEO da Vispe Capital, empresa de consultoria que realiza operações de fusões e aquisições no mercado de ISPs.
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