Sem acesso a recursos a fundo perdido ou empréstimos com juros baixos, grande parte dos provedores de serviços de internet (ISPs) do Rio Grande do Sul terá dificuldade para manter as atividades, em razão dos danos causados pelas enchentes no estado nos meses de abril e maio, indica a InternetSul.
A associação estima que um pequeno provedor com cerca de 400 assinantes, com 80% da rede danificada, precisa de aproximadamente R$ 300 mil para recuperar as infraestruturas e os equipamentos. No caso de uma empresa com 20 mil clientes de banda larga, a conta passa de R$ 1 milhão.
“Se não for a fundo perdido, que seja pelo menos um juro que a gente consiga pagar”, diz Raquel Camera Schwambach, vice-presidente da entidade, em entrevista ao Tele.Síntese (TS). “Tem que ser um juro compatível com o momento – no máximo, 2% ou 3% ao ano. E com condições diferenciadas, ninguém tem bens para dar como garantia agora”, acrescenta.
A associação ainda não tem números fechados sobre os estragos provocados pelas chuvas no setor de telecom, até porque só foi possível acessar algumas localidades há poucos dias. No entanto, aponta que os ISPs já estão se endividando, numa tentativa de reconstruir as redes e reconectar os clientes.
Raquel ressalta que, além do backbone de fibra óptica, os Provedores de Pequeno Porte (PPPs) tiveram perdas de equipamentos em suas sedes e nas casas dos assinantes. Ainda têm de lidar com danos (ou perda total) de automóveis, ferramentas de trabalho e até uniformes de funcionários. Horas extras também estão sendo contabilizadas, em razão do esforço que o quadro funcional tem feito para reinstalar as conexões.
“Na primeira vez [quando fortes chuvas inundaram a região do Vale do Taquari, em setembro de 2023], não apareceu nenhum dinheiro barato. Esperamos que, depois de todo esse movimento, olhem para o nosso setor”, pontua Raquel, que também é sócia e diretora Administrativa e Financeira da BrasRede, provedor com sede em Arroio do Meio e que atende cidades do Vale do Taquari.
Reivindicações
No momento, a InternetSul busca recursos para os ISPs em todas as esferas de governo, com ênfase na obtenção de crédito a juros baixos. A vice-presidente informou que a associação também está conversando com concessionárias de energia elétrica para reduzir o valor do aluguel dos postes, “até porque estamos pagando por postes que nem existem mais”, frisou.
Em campanha com o setor de telecomunicações, a entidade também arrecadou cerca de R$ 320 mil. A intenção é distribuir o dinheiro entre os pequenos provedores gaúchos. Contudo, se for levar em conta todas as operações afetadas, cada empresa deve receber pouco mais de R$ 2 mil.
“Essas e outras ações só servem para apagar incêndio. Precisamos de recursos não reembolsáveis”, reforçou a dirigente.