Os investimentos que a Oi tem feito em banda larga fixa por fibra óptica devem ser vistos com atenção pelos provedores regionais. O diretor de investimentos do banco Santander, Valder Nogueira, defendeu nesta quinta-feira, 31, em painel na Futurecom, que a janela de oportunidade para a expansão dos provedores regionais já “não está tão aberta como antes” em função das metas de cobertura e homes passed [casas que podem assinar o serviço em fibra] da concessionária nacional.
Diante disso, os investidores vão buscar negócios mais profissionalizados, em conformidade com regras da Anatel e melhores práticas de governança. Ainda assim, Nogueira defende que o mercado de fusões e aquisições permanecerá aquecido por um bom tempo, mas os investidores tendem a ficar cada vez mais criteriosos.
“É um jogo em que a gente precisa de pressa. Tem um gigante machucado, adormecido. Muitos de vocês [ISPs] cresceram em cima da letargia desse player. Agora ele está acordando, e tem coisa boa que estão fazendo lá dentro. Então, tem que se olhar como as peças estão se movendo”, afirmou.
Executivo de um dos principais bancos do país, Valder defendeu ainda que há alternativas de crescimento para os provedores além do M&A. “Talvez valha mais à pena, com os juros caindo, recorrer ao financiamento, do que abrir mão de parte do negócio”, opinou.
Carlos Azen, do BNDES, defendeu o mesmo conceito. “Podemos encontrar diferentes formas de financiar o crescimento do setor, via equity [venda de participação social], mas também não podemos esquecer o instrumento de dívida. Pode ser relevante para financiar a expansão antes de uma consolidação, e também depois, dado o cenário de queda das taxas”, concordou.
ATÉ 6X O EBITDA
Apesar da ameaça Oi, os provedores seguem alvo relevante de fusões e aquisições, entregando taxas de crescimento acima de outros investimentos, segundo os debatedores do painel. Os investidores chegam a pagar até 7x o EBITDA recorrente da empresa.
Após ressaltar que a avaliação é feita caso a caso e depende muito do grau de governança, além dos ativos, Sebastian Balbuena, CFO da Acon Investments, disse que o fundo paga normalmente entre 5x e 5,5x o EBITDA, mas já fechou negócio por vez 6x uma vez.
Fabiano Ferreira, CEO da Vero Internet, formada pela união de oito provedores, com aporte do fundo Vinci Partners, diz que os valores pagos têm variado entre 4,5x a 6x o EBITDA. Mas alertou que, pelo fato de este mercado não ser profissionalizado, há fundos levando vantagem. “Se alguém está oferecendo 8x, tome cuidado, talvez você não conheça de fato seu EBITDA”, disse.
Droander Martins, CEO da Vispe Capital, uma boutique de investimentos em ISPs, com cerca de mil provedores sob seu guarda-chuva dispostos a fechar negócio, diz que tem visto operações também com montantes entre 4x a 7x o EBITDA. E lembrou: “Se você for uma empresa no caminho de outra, maior, pode ser que esse provedor maior pague mais por ser um movimento estratégico”.
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