A expansão das infovias na Amazônia está se tornando um marco na conectividade do Brasil, especialmente nas áreas remotas da região Norte. Durante o evento Edtechs e as Escolas Públicas, promovido pelo Tele.Síntese, nesta sexta-feira, 23, especialistas discutiram as implicações dessa infraestrutura para a educação e a inclusão digital na região. A implantação de redes de fibra óptica, aliada a outras tecnologias, está conectando comunidades antes isoladas, oferecendo novas oportunidades educacionais e econômicas.
Juarez Quadros, presidente do Conselho Curador da Fundação para Inovações Tecnológicas (FITEc), destacou os avanços das infovias na Amazônia, mencionando a finalização de rotas importantes, como a Infovia 03, que liga Macapá a Belém. “Essas infraestruturas complementam as antigas, garantindo que, em caso de falha, a fibra óptica mantenha a conectividade das comunidades,” afirmou Quadros. Ele também observou que a fibra óptica, apesar de ser amplamente utilizada no Sul e Sudeste, ainda enfrenta desafios significativos na região Norte, onde apenas 45% das conexões nas escolas utilizam essa tecnologia.
Expansão
Eduardo Grizendi, diretor de Engenharia e Operações da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), detalhou os esforços do Exército Brasileiro na construção de três infovias principais, que são agora compartilhadas com o Ministério das Comunicações e instituições privadas. Contudo, Grizendi explicou que os cabos usados pelo Exército são de 24 fibras, o do Norte Conectado são de 48 fibras. “Então o Exército não pode compartilhar os 12 pares, mas pode separar 10. Do total, serão 8 compartilhados com o setor privado. Para o Norte Conectado, serão 12”, afirmou.
A Cisco, por meio do seu programa de responsabilidade social, também está desempenhando um papel crucial na capacitação das comunidades amazônicas. Gabriel Bello Barros, líder no Brasil do Cisco Networking Academy, destacou a parceria da Cisco com o Senac, que inclui a operação de uma balsa escola que leva tecnologia e capacitação a localidades remotas.
“Estamos criando a primeira academia fluvial itinerante, que já percorreu diversas localidades do Amazonas, promovendo inclusão social e oportunidades econômicas através da tecnologia,” disse Barros. Ele ainda enfatizou que a Amazônia tem o potencial de se tornar um polo global da economia verde, desde que a próxima geração de profissionais de tecnologia seja devidamente preparada.
Desafios e soluções para a conectividade
Embora a fibra óptica seja uma solução robusta, não é sempre viável nas áreas mais remotas da Amazônia. Fábio Renato Souza, CEO da Você Telecom, abordou essa questão, destacando a importância das redes de rádio para alcançar algumas comunidades ribeirinhas.
“Em localidades onde não há estradas, a fibra óptica não chega. Nesses casos, os ISPs montam um backbone via rádio para atender essas comunidades,” explicou Souza. Ele mencionou ainda que o uso de LTE, com licenças adquiridas da Anatel, tem permitido uma redução significativa na latência em áreas onde antes só havia satélite, criando novas possibilidades para a educação a distância.
Eder Ruffeil Cristino, sócio e gerente de tecnologia da Sea Telecom, ressaltou o impacto que a expansão das infovias já está tendo na região amazônica. “Começamos a integrar a Amazônia digital com redes de fibra óptica há cinco anos, e o projeto das infovias foi fundamental para essa integração. Estamos explorando pontos que ainda têm um gap de conexão para ajudar a completar essas ligações,” disse Cristino. Ele também mencionou que a Sea Telecom tem como objetivo a expansão da rede até Cuiabá.
Educação e inclusão digital
A conectividade proporcionada pelas infovias está criando um novo cenário educacional na Amazônia. Como apontou Fábio, “a internet nos possibilita uma infinidade de novas formas de educar, seja no ensino fundamental ou no pós-doutorado”, disse. Esse avanço tecnológico está permitindo que estudantes em áreas remotas tenham acesso a uma educação de qualidade, comparável à oferecida nas melhores escolas do país.
Esses esforços, aliados às iniciativas de capacitação, como as promovidas pela Cisco e Senac, estão construindo um caminho para que a Amazônia se torne um polo de inovação e sustentabilidade. “Estamos em um momento muito interessante para o Brasil. A chegada desses serviços de conectividade vai desbloquear enormes possibilidades para a região,” concluiu Barros.