Por ocasião do Mobile World Congress (MWC) 2024, a Huawei, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) apresentaram, nesta segunda-feira, 26, um estudo sobre a implementação do IPv6 no Brasil. As organizações, em linhas gerais, defendem que todos os participantes dos setores de infraestrutura de telecomunicações e digital, incluindo fornecedores de dispositivos para consumidores, adotem o padrão mais atual de internet, responsável por sustentar endereços na web.
O artigo técnico mostra que a adesão global ao IPv6 chegou à taxa de 35% em outubro de 2023. No ranking geral, o Brasil é o 22º país mais bem posicionado na lista, sendo o terceiro na América Latina (atrás somente de Uruguai e México). Por aqui, o protocolo alcança 48% do ecossistema de conectividade.
O estudo também destaque que as principais responsáveis por esse resultado são as operadoras de telefonia móvel e as fabricantes de dispositivos, como smartphones. No entanto, salienta que, para que o IPv6 se propague, tendo em vista o esgotamento do IPv4, os esforços não podem se limitar a uma única cadeia de consumo.
“O volume de dados IPv6 do serviço de banda larga fixa é limitado em grande parte pela baixa adesão ao novo protocolo por parte dos dispositivos finais dos usuários, principalmente daqueles que consomem tráfego de vídeo, como as smart TVs”, diz trecho do artigo.
“Sobre os terminais móveis, percebe-se uma grande adoção do IPv6, uma vez que todos os novos terminais móveis são compatíveis com o novo protocolo e os aparelhos são trocados com mais frequência pelos usuários”, explica.
Preocupações
No artigo, as organizações se mostram preocupadas com o que consideram uma “estagnação do crescimento do IPv6” no País e que a solução de contorno, a chamada CGNAT-44, implementada como forma de compartilhar endereços em IPv4, não é a melhor alternativa de uso. Além disso, o estudo pontua que novas tecnologias demandam requisitos avançados de conectividade.
“O protocolo IPv4 irá limitar o pleno funcionamento das redes 5G e das aplicações de IoT devido a seus problemas de escalabilidade e inflexibilidade”, frisa.
Nesse contexto, o documento reforça que, para escalar a implementação do IPv6, é preciso que a adesão ao protocolo avance, principalmente, entre os pequenos provedores de acesso, provedores de conteúdo e dispositivos finais legados de usuários. “As empresas terão que se empenhar mais na adoção do protocolo e o governo deve exercer ações para conduzir e incentivar esse processo”, indica trecho do estudo.
Metas
O artigo também sugere metas de curto (2024 e 2025), médio (2026 a 2027) e longo prazos (2028 a 2030) para impulsionar o IPv6 no Brasil. Em geral, as propostas trabalham com uma “previsão conservadora de aumento de 5% a cada ano”. Com isso, ao fim da atual década, o País teria uma taxa de 70% de penetração do protocolo em seu ecossistema de conectividade.
As medidas recomendadas incluem suporte ao IPv6 em diversas camadas, como sites governamentais, sites comerciais, aplicativos de internet móvel, CPEs corporativos e dispositivo de rede de operadoras, além do incentivo à tecnologia IPv6 Enhanced em redes privativas.
“Dessa forma, pode-se fortalecer a gestão dos principais indicadores e recursos do IPv6, desenvolver gradualmente o protocolo e aprimorar os recursos digitais nacionais e a segurança cibernética”, diz o estudo.