Por Ricardo Mattiello*
Gêmeos digitais são representações virtuais de prédios (como indústrias, por exemplo), objetos e sistemas. E com eles é possível criar um data center virtual com simulações detalhadas de como um edifício se comportará durante toda a sua vida útil. E qual a vantagem disso? Essas representações virtuais completas permitem às empresas identificarem problemas antes mesmo que um único servidor seja instalado, criando instalações mais eficientes, econômicas e sustentáveis.
Embora ainda seja um setor em fase de amadurecimento, o mercado de gêmeos digitais é extremamente promissor. Segundo dados da consultoria Markets and Markets, o setor global de gêmeos digitais saltará de US$ 3,1 bilhões, registrados em 2020, para US$ 48,2 bilhões em 2026. Eles oferecem uma maneira para que as organizações construam data centers de forma mais eficiente e sustentável desde o início. Por meio destas réplicas digitais completas, as empresas podem otimizar como suas instalações são projetadas, entender como elas operarão, mesmo sem ter colocado sequer um tijolo no local.
Essa representação simula espaço, arquitetura, sistemas mecânicos e de engenharia do data center, resfriamento, conectividade à energia e a capacidade de sustentação de peso do piso elevado. Os softwares de simulação permitem que as empresas visualizem e quantifiquem o impacto de qualquer mudança no data center antes da implementação. Na área de fornecimento de energia, é possível simular o fluxo de ar e determinar como o uso de painéis solares impacta no custo de luz.
Segundo Joe Connolly, diretor da Turner & Townsend, uma das maiores empresas de escritórios e data centers do Estados Unidos, além de garantir a eficiência, o software de simulação pode ser usado para criar um projeto mais sustentável no setor de data centers. E quando combinados com ferramentas de DCIM (gestão de infraestrutura de data centers), os gêmeos digitais oferecem às empresas uma maneira de compreender e otimizar o efeito das alterações de hardware sobre o perfil de um data center, e os mesmos dados podem ser usados para ajudar a prever e automatizar operações.
Dados em tempo real
Com a disponibilidade de dados em tempo real a partir dos principais componentes em todo o ecossistema e um sistema com algoritmo de machine learning instalado, o data center também pode aprender situações, como por exemplo, quais as temperaturas ideais em diferentes horários do dia e em diferentes níveis de utilização de TI, e automaticamente ajustar o resfriamento corretamente.
Oliver Goodman, chefe de engenharia da Telehouse Europe, contou à consultoria Data Center Dynamics que ao incorporar dados em tempo real neste modelo é possível utilizar ferramentas de DCIM combinadas com um software adicional para avaliar elementos como o fluxo de ar e a demanda por resfriamento, com o objetivo de executar múltiplos cenários de suposição e compreender seus impactos em tempo real.
Os gêmeos digitais estão sendo usados para criar modelos 3D precisos em novas construções e projetos, porém o nível de detalhe incluído varia de empresa para empresa. Apesar de ter um custo significativo, é efetivamente possível “caminhar” pelo prédio sem de fato estar nele. Os benefícios são evidentes de uma perspectiva de projeto, coordenação e detecção de conflitos. E as possibilidades do que você pode simular parecem ser infinitas. Porém, no momento poucas empresas usam gêmeos digitais em sua plenitude.
A construtora japonesa Komatsu e a empresa de telecomunicações/data center NTT Docomo recentemente anunciaram uma joint venture para apoiar a transformação digital no setor de construção com uso de gêmeos digitais. E vários fornecedores de DCIM estão incluindo a tecnologia em suas soluções. A tecnologia de gêmeos digitais já está madura e nos próximos anos deve se tornar padrão para a modelagem de data centers.
*Ricardo Mattiello é diretor de contas estratégicas da CommScope
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