O CEO da Datora/Arqia e presidente do Conselho da TelComp, Tomas Fuchs, defendeu, nessa quinta-feira, 7, durante participação no INOVAtic Sudeste, mais debates sobre o mercado secundário de espectro. “Só as PPPs têm condições de movimentar o segmento móvel, a exemplo do que ocorreu na banda larga fixa, mas para isso precisa ter acesso ao espectro”, disse, mas para isso, entende que as condições têm que ser discutidas a fundo e disseminada entre as prestadoras de pequeno porte.
Ele ressalta, que os investimentos para implantar uma rede móvel são maiores do que os gastos em fibra óptica, “É preciso colocar muito Capex antes de ter um cliente e só valerá a pena se o tempo de uso do espectro no mercado secundário for suficiente, se cinco, sete ou dez anos”, disse.
Fuchs também chama a atenção para as frequências que podem ser negociadas e se existem devices a preços competitivos. Outro ponto citado por ele, é a possibilidade de usar frequências destinadas ao Serviço Limitado Privado para atender comunidades adjacentes de indústrias ou de fazendas. “Precisamos também de preço definido pela Anatel, ainda mais em um mercado onde têm gigantes e prestadoras de pequeno porte”, disse.
Segundo Fuchs, à medida que as PPPs precisem negociar aparecem todas as dificuldades que os ISPs já conhecem. Para ele, ao negociar espectro em locais onde não têm interesse de explorar, a grande operadora estará disponibilizando o uso da rede a seus clientes por meio de contratos de roaming.
O CEO da Datora acredita que, para as discussões avançarem, é preciso que a Anatel e as entidades representativas do setor informem melhor o funcionamento às PPPs. “O provedor hoje, com a fibra óptica, tem o triple play, mas vai precisar do quadriplay para se manter no mercado.
Fuchs disse que há bastante interesse das PPPs no mercado secundário. Segundo ele, os modelos de negócios estão evoluindo, a ponto de provedores regionais terem participado do leilão 5G.
Para o conselheiro da Abrint e mediador do debate, Basílio Peres, a Anatel precisa pensar na questão da exigência da licença de SMP para uso de espectro pelo ISP.
AL
O mercado secundário de espectro é uma ferramenta muito importante na América Latina onde há pouca alocação de espectro, afirma o vice-presidente da 5G Americas para América Latina e Caribe, José Otero. “Diferente do Brasil, que alocou mais de 2 mil MHz para serviços móveis, enquanto outros países da região, a alocação de frequência não passa de 250 MHz”, disse o executivo, que também participou do INOVAtic Sudeste.
No Brasil, onde houver um operador com 100, 150 MHz de espectro sem uso, o mercado secundário permitirá oferta de atacado para que outro agente possa oferecer serviços móveis, sem intervenção do governo, diz Sotero. Segundo ele, países desenvolvidos têm soluções que servem de exemplo e, na América Latina, o México permite a revenda de espectro desde 2004.
“O mercado secundário traz mais eficiência ao uso de espectro porque permite a operadores locais o acesso a espectro já alocado ao mercado”, disse Otero. No caso da América Latina, disse, o espectro sem uso pode ser tomado pelo governo, para evitar especulação.
O INOVAtic Sudeste é uma realização da Tele.Síntese, que discutiu, durante três dias, os temas mais relevantes para o desenvolvimento dos ISPs.
No Comment