Estudo do NIC.br revela o acesso à internet em pequenos municípios


Crédito: Divulgação
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Houve uma expansão recente da fibra óptica nos pequenos municípios, associada ao esforço dos provedores de pequeno porte (ISPs) que estão ali presentes. Também houve uma substituição de alguns tipos de conexão como rádio por fibra óptica, o que foi considerado fundamental para ampliar o uso das TIC pela população e para garantir uma diversificação maior das atividades online.

Entre as organizações, a ampliação da conectividade permitiu adoção e uso mais intensivo de sistemas administrativos informatizados e software, oferta de serviços públicos digitais e avanços na transparência de seus dados entre as prefeituras.

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Essas são algumas das constatações do estudo “Fronteiras da inclusão digital: dinâmicas sociais e políticas públicas de acesso à Internet em pequenos municípios brasileiros”, produzido e coordenado pelo Centro de Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Cetic.br|NIC.br), em parceria com o Programa de Acesso Digital (DAP) da Embaixada Britânica no Brasil e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Lançado nesta terça-feira, 14, o relatório apresenta um diagnóstico da adoção da Internet em municípios brasileiros com até 20 mil habitantes, com base em dados coletados pelas pesquisas do Cetic.br e em dados fornecidos pela Anatel. Apresenta, ainda, um mapeamento qualitativo a partir de entrevistas em profundidade e de grupos de discussão realizados nas cinco regiões do país.

ISPs 

Segundo os entrevistados, os pequenos provedores foram determinantes para a expansão do acesso à Internet, incluindo da conexão via fibra ótica, nos municípios analisados. No entanto, eles enfrentam desafios para a continuidade dessa expansão em áreas rurais, remotas e de difícil acesso e a melhoria da qualidade da Internet, o que envolve a expansão da participação em Pontos de Troca de Tráfego (PTT) e adoção do IPv6, ainda restritos a um grupo pequeno de provedores.

Os provedores analisados variam em suas capacidades organizacionais e administrativas. Os resultados de conectividade são inferiores em municípios em que há provedores que apresentam pouca profissionalização, ou seja, têm um número pequeno de funcionários, não possuem divisão interna em áreas e departamentos, têm proprietários que não possuem formação na área e, em alguns casos, são empresas familiares.

Melhores resultados são obtidos por provedores que têm um número maior de funcionários, possuem divisão interna em áreas e departamentos, seus proprietários e gestores possuem formação na área e, em alguns casos, são vinculados a empresas maiores que atuam na região. Essas diferenças em suas capacidades organizacionais e administrativas afetam o acesso a fundos e financiamento, ainda que a maioria prefira realizar investimentos com recursos próprios, considerando a ausência de linhas específicas para eles. Além disso, as diferenças influenciam os serviços ofertados por eles, a participação em PTT e a adoção do IPv6. Buscando superar algumas dessas diferenças, os provedores estabelecem parcerias formais e informais com outras empresas, que incluem desde a troca de informações até o empréstimo de equipamentos e compras conjuntas.

O estudo identifica que, na ausência de políticas mais institucionalizadas de inclusão digital, as capacidades das empresas provedoras fazem muita diferença no serviço que elas oferecem, e ajudam a explicar as diferenças de conectividade entre os municípios.

Dimensões

“Na última década, houve um crescimento expressivo no acesso à Internet no território nacional, impulsionado pela ampliação das conexões por fibra óptica, mas isso aconteceu de maneira desigual. Os municípios com até 20 mil pessoas, que concentram 31,6 milhões de habitantes, apresentam um percentual de usuários de Internet menor do que o verificado em grandes centros urbanos. A proposta da pesquisa foi investigar, a partir de diferentes dimensões, quais os desafios para a ampliação da conectividade nessas cidades”, explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.

Na etapa quantitativa, os pesquisadores selecionaram 485 municípios, que foram divididos em quatro agrupamentos a partir dos indicadores de conectividade (acessos) e capacidades locais (atributos relacionados à qualidade e segurança dos serviços ofertados pelos provedores e serviços públicos on-line e políticas de inclusão digital implementadas pelas prefeituras). O objetivo foi entender o que influenciava os diferentes níveis de conectividade nos municípios, e averiguar o quanto as capacidades dos provedores e dos governos locais poderiam explicar essas diferenças.

Já na etapa qualitativa, foram entrevistados gestores de prefeituras e de provedores, além de lideranças locais, e realizados grupos de discussão com residentes em 20 cidades nas cinco regiões brasileiras. A análise dos dados se baseou nas seguintes dimensões: capacidades dos provedores e dos governos locais, qualidade e segurança dos serviços ofertados pelos provedores, políticas de inclusão digital, usos das tecnologias pela população e barreiras à conectividade.

Inclusão digital

Entre as evidências apresentadas pelo relatório está a reduzida presença de departamentos de tecnologia da informação entre as prefeituras. Ainda que serviços públicos online tenham sido expandidos, a maioria das interações entre administração municipal e cidadãos tem sido de caráter informacional. Uma das principais constatações do documento foi a relativa ausência de políticas públicas locais voltadas ao enfrentamento das desigualdades no acesso e nos usos das tecnologias em pequenos municípios.

Para o diretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko, espera-se que o estudo promova reflexões e suscite novos pontos para o debate sobre a conectividade no país, e que possa ajudar a subsidiar políticas públicas que busquem promover acesso mais equitativo e a ampliação e melhoria da conectividade em todo o território brasileiro. “Para isso, parcerias como esta, com a Anatel e a Embaixada Britânica, ajudam a diagnosticar o que já foi feito e o que precisa ser melhorado. São iniciativas relevantes”.

“Temos enorme satisfação em apoiar a agenda de conectividade no Brasil. Considerando que, a cada ano, o acesso à Internet é ampliado no país e em diversas nações pelo mundo, queremos seguir trabalhando para encontrar soluções aos desafios impostos a esse crescimento. Este estudo será um instrumento de transformação para a inclusão digital dessa e de gerações futuras brasileiras, norteando a elaboração de políticas públicas nessa área”, aponta Melanie Hopkins, encarregada de negócios da Embaixada Britânica no Brasil.

“A compreensão dos motivos que levam os moradores dos pequenos municípios brasileiros a se conectarem ou não à Internet banda larga nos locais onde a infraestrutura já está disponível é fundamental para a promoção de um acesso universal e, consequentemente, para o pleno exercício da cidadania”, afirma Carlos Baigorri, presidente da Anatel.

O estudo “Fronteiras da inclusão digital: dinâmicas sociais e políticas públicas de acesso à Internet em pequenos municípios brasileiros” está disponível gratuitamente para download por meio do endereço: Link (Com assessoria de imprensa)

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