Por conta da falta de semicondutores, chipsets e componentes, a produção global de diferentes verticais de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), foi afetada. O desarranjo logístico global, com congestionamento de portos e escassez de contêineres, também tem prejudicado as entregas na maior parte dos países. Apesar de tantos obstáculos, a Agora conseguiu manter um estoque estratégico e uma logística global de abastecimento que tem permitido à empresa continuar operando com pronta-entrega, despachando produtos em até 24 horas.
A Agora atua há 29 anos no mercado de telecomunicações como distribuidora. Inicialmente de equipamentos de radiocomunicação da Motorola e de rádios de banda larga para o mercado de provedores de internet. Com o barateamento no custo das fibras ópticas, passou a atender o mercado de ISPs com soluções GPON. Mais recentemente, ampliou sua atuação para o amplo mercado de tecnologia da informação sendo o maior distribuidor da Huawei no Brasil e um dos maiores da América Latina.
“Para provedores de internet, comercializamos ativos e passivos para fibra óptica, GPON (Gigabit Passive Optical Network), roteadores, switches e soluções DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing – multiplexação densa por comprimento de onda). Para os mercados industrial e corporativo, oferecemos roteadores MPLS, switches, Wi-Fi 6, firewall e a Idea Hub, solução de videoconferência desenvolvida pela Huawei, que reúne câmera, microfones e tela interativa. Dispomos de todos esses produtos em estoque, disponíveis para pronta-entrega”, destaca Severino Sanches, presidente da Agora Tecnologia e Comunicação.
A empresa atende o mercado de provedores de banda larga, assim como o mercado corporativo e governo, através de revendas e integradores. Sanches ressalta que os provedores de internet respondem por metade do tráfego de telecomunicações do Brasil e, se constituíssem uma única empresa, seriam a maior operadora do país.
Esses dois mercados – provedores; e revendas e integradores que atendem o mercado corporativo – estão bem atendidos pela Agora porque os fornecedores asiáticos, como a Huawei, não foram tão afetados pela escassez de componentes como os fabricantes de outros continentes. Sanches explica que os produtores chineses se prepararam estrategicamente para uma possível escassez, não sofrendo com o desabastecimento.
“A Agora desenvolveu uma esteira logística de equipamentos em estoques nossos na China e em Miami, a bordo de navios em trânsito para o Brasil, e estoques locais. Chamo de esteira porque, à medida em que vendemos o produto, vão chegando novos equipamentos, num processo contínuo. No Brasil, temos estoque para cobrir dois a três meses, um volume exagerado em condições normais. Mas, ao mesmo tempo em que ficamos com bastante agilidade para suprir as necessidades do mercado, permitindo nossa expansão em segmentos que eram atendidos por outras marcas, sobretudo fabricantes norte-americanos que estão precisando de oito meses para concretizar a entrega. Estamos conquistando mercado com essa estratégia”, explica o presidente da Agora Tecnologia e Comunicação.
Na conjuntura atual, o modelo de just in time perde o sentido, e estoques estratégicos são necessários. Sanches observa que ainda há o agravante do desarranjo logístico, com elevação dos custos e morosidade do transporte marítimo e falta de contêineres.
“Hoje, os EUA têm um déficit de 175 mil caminhoneiros para atender a logística interna. Fora isso, as empresas aéreas convivem com a falta de tripulação para os aviões. A Agora evita esses tipos de problema no Brasil, pois firmou contratos com operadores de transporte e com níveis de serviço (SLAs) bem exigentes. A grande dificuldade ocorre no mercado internacional, mas que não nos afeta, devido a estratégia logística que criamos”, assinala Sanches.
Para fortalecer sua estratégia, por exemplo, a maior parte da importação é feita diretamente pela empresa. Ou então são firmados acordos de preferência, como é o caso da Huawei. “Como a empresa é muito agressiva comercialmente, muitas vezes começa a fabricar e a transportar o produto antes mesmo de ter o pedido na mão. E assim conseguimos fazer uma entrega quase imediata”, diz Sanches.
No mesmo dia
Além da Huawei e da Motorola, a distribuidora atua com um total de 14 fabricantes. Durante a pandemia, a falta de contêineres e de navios foi o principal gargalo para a empresa, pois, apesar da enorme demanda global, os grandes armadores não aumentaram suas frotas.
Para driblar essa carência e assegurar prazos de pronta-entrega, a Agora optou por lidar com impacto maior em seu capital de giro. “Para resolver o custo de capital dos estoques parados, arquitetamos uma equação que envolve o aumento de prazo para o pagamento e emissão de debêntures de R$ 70 milhões inicialmente, podendo chegar a R$ 150 milhões. Com isso, normalmente, os pedidos são entregues no dia seguinte e, se chegarem pela manhã, são atendidos no mesmo dia à tarde”, ressalta o presidente da Agora.
Para garantir o pleno atendimento, a empresa contratou nos últimos dois anos mais 140 pessoas, garantindo, com isso, entregas para 2,5 mil clientes de 26 estados. Com sede em São Paulo, a Agora tem unidades logísticas em Vitória, São Paulo e armazéns logísticos em Miami (EUA) e Shenzhen (China).
“Nosso planejamento estratégico para cinco anos prevê a abertura de cinco escritórios de vendas e a internacionalização da empresa a partir de 2024. Estamos analisando Chile, Colômbia e México”, anuncia Sanches.
Ele destaca que a Agora tem crescido a taxas elevadas, e o crescimento tem permitido à empresa manter os preços, a despeito do aumento dos custos logísticos, que têm sido assimilados pela empresa. Nos últimos quatro anos, triplicou de tamanho.
“Diante da disponibilidade desse estoque, a expectativa é de um crescimento de 60% em relação a 2021. O grande diferencial deste ano é o aumento de 40% no volume, com o mesmo número de pessoas, o que gerou um ganho de produtividade”, explica o presidente da Agora Tecnologia e Comunicação.
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