Duschitz: O papel econômico e social da conectividade em regiões periféricas


O papel econômico e social da conectividade em regiões periféricas
Especialista abordou o papel econômico e social da conectividade em regiões periféricas | Foto: Divulgação
O papel econômico e social da conectividade em regiões periféricas
Especialista abordou o papel econômico e social da conectividade em regiões periféricas | Foto: Divulgação

Por Fernando Duschitz*

Muito provavelmente, a maior parte das pessoas que lerão esse artigo, já tem o uso da Internet presente e de forma ilimitada nas suas vidas. Pagar uma conta, assistir a uma aula online, fazer uma pesquisa no Google é algo tão automático para maioria como respirar. Só sentimos falta quando a conexão cai, ou o celular está fora de área. Mas e no resto do Brasil, como a falta, ou o limite de conectividade impacta o cotidiano de um país tão diverso, extenso e complexo? O panorama nacional ainda impõe desafios consideráveis, e analisar esse cenário é o primeiro passo para entender como a Internet pode ser a alavanca para romper barreiras históricas e acelerar o crescimento do país em todas as suas dimensões.

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Conectividade no Brasil

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), conduzida pelo IBGE, é um dos principais indicadores para compreender a realidade da conectividade no Brasil. Funcionando como um termômetro socioeconômico, a pesquisa fornece dados precisos que revelam a evolução do acesso à internet entre os domicílios brasileiros. De acordo com os últimos resultados, houve um aumento de 1% no número de lares conectados entre 2022 e 2023, o que equivale a 3,6 milhões de novas residências com acesso à internet.

Um dado notável foi o crescimento mais acelerado da conectividade nas áreas rurais, o que indica uma diminuição na disparidade digital em relação às áreas urbanas. Contudo, o levantamento também revelou que 5,9 milhões de domicílios ainda permanecem desconectados, deixando 22,4 milhões de pessoas sem acesso à internet, um reflexo da desigualdade digital persistente no país.

A exclusão digital, portanto, continua sendo uma barreira para o desenvolvimento de milhões de brasileiros, especialmente nas áreas mais remotas, onde a infraestrutura de conexão é escassa e os custos para sua implantação são elevados. Além disso, o crescimento da conectividade nas áreas rurais, embora positivo, ainda precisa de políticas públicas que garantam a continuidade desse avanço e a manutenção da qualidade do serviço.

Regiões periféricas

Além das áreas rurais, o outro grande gap de conectividade que temos no Brasil são os bairros e regiões periféricas. Nessas regiões, a principal forma de conectividade à Internet são os planos pré pagos e controles pela telefonia móvel. Sabidamente esses planos tem um limite mais restrito no volume de dados para conexão à Internet e portanto, seus usuários tem que ser mais seletivos no uso que farão e o tempo que conseguem ficar conectados. Em termos comerciais, depois do 5G, que melhorou muito a velocidade na conexão à Internet, o que direferencia uma conexão móvel de uma conexão por fibra ótica é que na conexão móvel se paga por um volume de dados, e por sua vez na conexão por fibra, se paga por uma velocidade, mas o uso é ilimitado.

Levar Internet fixa até uma residência envolve várias etapas técnicas e logísticas. Quando falamos sobre a conectividade nas periferias e comunidades, temos essa dificuldade elevada ao quadrado. São postes com ocupação muito acima do normal, muitas vezes com ligações clandestinas de energia que colocam em risco os técnicos que executam o serviço, as vezes temos “associações”, ou outros tipos de agentes a margem da lei querendo cobrar “pedágios” para a prestação do serviço. Além disso, pela perspectiva do prestador de serviço, existe um investimento significativo para ser feito e que requer uma fidelidade do cliente para o payback. As formulas tradicionais dos bureaus de credito pouco ajudam para avaliar a disposição ou possibilidades de pagamento desses clientes. É necessário um olhar completamente distinto para esse mercado.

O caso do Terra Fibra é exemplar ao mostrar como é possível superar os desafios de conectividade em regiões de periferia. Além de atuar nos bairros tradicionais de nossas cidades, cobrimos bairros simples e regiões de comunidades. A implementação, claro, requer inúmeras adaptações técnicas para atender as peculiaridades e necessidades locais. Por isso, há um trabalho estratégico de planejamento, instalação, manutenção e suporte, que envolve equipes especializadas em cada etapa para garantir que a conexão seja entregue com qualidade e confiabilidade nas áreas de difícil acesso. Obviamente, estamos falando também sobre desenvolver soluções economicamente viáveis. Além das questões mercadológicas, um dos nossos diferenciais é que damos preferência para mão de obra local, não só para os times técnicos, mas também para todas as demais áreas da empresa. Dessa forma, temos certeza que estamos criando um ecossistema que gera crescimento para ambos os lados.

Fazer parte dessa engrenagem que leva conectividade ao Brasil é um verdadeiro privilégio. Contribuir diretamente para o desenvolvimento da infraestrutura digital do país, possibilitando o acesso à informação e ao progresso, coloca em evidência a magnitude de nossa responsabilidade enquanto provedores. A conectividade é um pilar central para o avanço social e econômico, e seu papel na construção de uma sociedade mais conectada, eficiente e preparada para os desafios do futuro não pode ser minimizado. Essa missão é o que nos move e nos dá a certeza de estarmos cumprindo um papel essencial para o nosso país.

* Fernando Duschitz é Diretor Executivo da Terra Fibra

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