No encontro, Freitas disse que a agenda de crescimento da banda larga no Brasil não é regulatória, mas política, e depende de o governo “encampar as demandas do setor”, sem as quais “não adiantam nada as medidas regulatórias que a Anatel e o ministério tentam implementar”.
Para a InternetSul, no entanto, este ponto de vista deixa de lado o esforço dos provedores regionais. “Ao contrário do que colocou o conselheiro da Anatel, a banda larga já é uma realidade no país e não restará somente para os mais ricos: em vez disso, o acesso ao serviço, por parte de regiões rurais, pequenas cidades e localidades não atendidas pelas grandes operadoras, vem tendo expressivo crescimento ano a ano, e isso se deve fundamentalmente à ação dos ISPs”, diz Luciano Franz, presidente da associação.
Segundo ele, a Anatel, junto do governo federal e do Ministério das Comunicações, compõe o primeiro fator de lentidão no crescimento do segmento de telecom brasileiro, que é a falta de um plano de numeração telefônica para os provedores de internet.
“Estamos esperando por isso há dez anos. E por quê não somos atendidos? Porque o governo e a Agência jamais propuseram um plano para substituir a principal operadora de telecomunicações do país [Oi]. Em vez disso, os esforços têm sido todos direcionados a salvar um negócio que, como toda a sociedade já viu, somente o governo ainda não se deu conta que não pode ser salvo”, ressalta o Franz.
Crédito
O executivo da associação reclama ainda da falta de fontes de financiamento específicas para o pequeno provedor de banda larga. A seu ver, esse vazio faz com que o crescimento seja mais lento, alicerçado somente por capital de caixa ou financiamentos conseguidos a altíssimas taxas pelos próprios empresários junto a instituições não engajadas a qualquer programa de incentivo.
“Não existe um plano de governo para os ISPs. Se tivéssemos empréstimos e juros semelhantes aos que são concedidos ao setor agrícola, que é um segmento cujo risco é, no mínimo, dez vezes maior que o da área de telecom, a banda larga no Brasil já seria um assunto resolvido nos patamares de países desenvolvidos. O mercado de ISPs já teria ocupado o espaço deixado pelas grandes operadoras e preenchido a lacuna das regiões desassistidas”, argumenta.
Franz lembra, ainda, da ausência de política governamental para frequências, postes e outros quesitos com foco nos ISPs. “Tudo o que existe para as grandes operadoras não existe para os ISPs, mesmo sendo os ISPs os responsáveis pela maioria dos novos acessos a banda larga no Brasil. Se o governo simplesmente facilitasse um pouco para os pequenos provedores, se houvesse algum incentivo, poderíamos fazer muito mais pela internet e pela melhoria das comunicações na sociedade brasileira”, frisa Franz.
Os números do segmento de banda larga justificam a representatividade dos ISPs. Conforme dados da InternetSul, há cerca de 6 a 7 mil pequenos provedores ativos no país [a Anatel estima em cerca de de 3 mil devidamente credenciados e em atividade], sendo responsáveis por levar internet às regiões distantes, de difícil acesso e com poucos moradores.
Além disso, ele ressalta que os pequenos provedores conseguem entregar acessos de qualidade e de alta velocidade: “A verdade é que o ISP entrega até três vezes mais velocidade com menor custo do que uma operadora”.