A quarentena imposta em função da COVID-19 tem aumentado a demanda pelo serviço de banda larga, seja por novos planos ou por up grade dos existentes. Mas há consenso de um fato, a inadimplência tem aumentado e coloca em risco a saúde das empresas, especialmente dos provedores regionais.
Para o presidente executivo da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitiva (TelComp), João Moura, houve crescimento significativo por novos contratos no mercado residencial, com empresas até batendo recorde de vendas. “Com a proliferação do home office, muitas pessoas optaram por uma segunda alternativa de conexão”, disse.
Moura também constata um crescimento alto do tráfego. Porém, aponta um crescimento maior da inadimplência. “Nesse momento, o que se verifica é uma inadimplência de caixa, aquela que o usuário deixa de pagar na data do vencimento, seja por dificuldade econômica ou por outro motivo”, avalia.
Para o executivo, ‘outro motivo’ pode ser traduzido no momento pela pressão do Ministério Público, de governadores e da justiça em proibir o corte de contratos por falta de pagamento durante o período de calamidade pública. Ele entende que muitas pessoas estão aguardando o final desse debate para ver se paga ou deixa para depois.
Segundo Moura, as operadoras estão criando formas de flexibilizar o pagamento, parcelando contas em atraso e dando mais dias para que as contas sejam acertadas sem multas. “O que é certo é que a inadimplência abala todas as empresas de A Z, ou seja, de qualquer tamanho”, afirma. Até o aumento das vendas de planos pode decorrer da inadimplência. Pessoas que deixaram de pagar para uma operadora, pede o serviço de outra, avalia Moura.
O presidente da Abramulti, que congrega ISPs de Minas Gerais, Robson Lima, não acredita no crescimento significativo de novos serviços. “O que acontece é que muitos clientes que estavam inadimplentes, resolveram acertar suas contas em função da quarentena, assim como aumentou o número de pessoas que mudaram o plano para mais velocidade”, disse. Porém, ao mesmo tempo, Lima vê a alta de inadimplência de cerca de 20% a 25%.
Segundo Lima, a divulgação de que os ISPs poderão manter serviços mesmo sem pagamento dos usuários e liminares nesse sentido dadas pela justiça estão atrapalhando. “Muita gente está pensando que vamos dar internet de graça e isso é ruim para nós”, disse. Ele sugere que seja feita uma divulgação maciça ao contrário do que está se falando. “Nós vamos cortar sim, porque a lei nos protege disso”, concluiu.
Tráfego
O diretor da Unifique, Jair Francisco, no entanto, vê o nível de ativações se manter. Segundo ele, o que cresceu no primeiro momento foi o tráfego na rede, em até 40%. “Mas, no momento em que as empresas de streaming, como Netflix, Amazon, Youtube e outras, tomaram providências no sentido de diminuir a resolução das imagens, consequentemente o consumo de banda caiu 10%”, disse.
Sobre inadimplência, sem falar em percentual, Francisco disse que a empresa está monitorando e preparando ações que possam atender os clientes impedidos de pagar seus compromissos em dia. “Estamos oferecendo parcelamento de débitos para que não haja interrupção dos serviços”, disse.
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