A participação dos ISPs no leilão de 5G pode se tornar uma boa oportunidade para os provedores regionais, dependendo do formato de distribuição dos blocos de frequências que será adotado pela Anatel. Mas para fazer frente aos investimentos exigidos, uma boa opção para as empresas de menor porte deverá ser a formação de consórcios, ou por grupos econômicos, regionais ou ambos.
A avaliação é do consultor Caio Bonilha, sócio-diretor da Futurion Análise Empresarial, para quem a não participação também pode trazer algumas ameaças na disputa do mercado de banda larga fixa.
“Com a consolidação que vem sendo feita no mercado de ISPs, hoje há grupos regionais que têm poder de fogo para bancar os investimentos com a 5G. Mas para os menores, acredito que a opção mais interessante seja a formação de consórcios”, analisou o executivo.
Mas a participação dos ISPs ainda é uma incógnita. O conselheiro da Anatel, Vicente Aquino, apresentou uma proposta para o leilão 5G que preserva espaço para os ISPs, com 50 MHz na faixa de 3,5 GHz com lotes divididos em 14 regiões. “Essa foi uma proposta interessante”, observou Bonilha. No entanto, o conselheiro Emmanuel Campelo pediu vistas do processo para fazer diligências à proposta. Esta semana, em Los Angeles, ele disse que deverá apresentar uma nova proposta em duas semanas, sem especificar o papel dos provedores regionais nessa questão.
Para Bonilha, o ideal seria a um modelo semelhante ao aplicado nos Estados Unidos, que estabeleceu uma faixa dividida por condados, o que gerou cerca de 2200 licenças. “Para isso, poderia ser utilizada a definição do IBGE de regiões geográficas intermediárias e interligadas que, atualmente, atingem algo como 550 regiões. Para o consultor, isso permitiria a cobertura nessas regiões via consórcios de provedores dessas áreas, por exemplo.
Sobre a ameaça à competitividade dos provedores regionais com a chegada da 5G, Bonilha ressalta que as velocidades atingidas nessa tecnologia têm o poder de competir com a fibra óptica. Se hoje há um esforço das operadoras de levar a fibra para cidades de menor porte, onde há um domínio dos ISPs, esse esforço ficará mais fácil com a 5G pois por meio dessa plataforma poderão oferecer serviços de banda larga móveis e fixos. Esse modelo já vem sendo colocado em prática nos Estados Unidos, Suíça e Coréia e já chamou a atenção da TIM, que já anunciou foco para a futura oferta de serviços com a quinta geração.