*Por Eduardo Resende
A funcionalidade e, consequentemente, os benefícios gerados pelos tradicionais SIM Cards estão em plena transformação e o responsável atende pelo nome de e-SIM. Além de ampliar a cobertura, uma das principais vantagens do e-SIM é o ganho operacional gerado para empresas, pelo fato de ser uma tecnologia capaz de provisionar o SIM Card durante sua fabricação e realizar a gestão via software, evitando gastos excessivos com logística e cadeia de produção.
Em 2016, a GSMA, órgão comercial que representa os interesses das operadoras de redes móveis em todo o mundo, anunciou uma especificação incorporando os SIM Cards ao mercado Machine to Machine (M2M). Naquele momento, a GSMA criou um padrão para o gerenciamento remoto de conexões M2M, permitindo o provisionamento Over the Air de uma assinatura inicial do operador e a subsequente mudança de assinatura de um operador para outro. A segunda fase desse processo, que ainda deve ser anunciada ao mercado, é permitir que os dispositivos sejam conectados às redes de celulares sem a necessidade de um smartphone.
Apesar de ter iniciado de maneira lenta em 2017 na América Latina, a adoção do e-SIM promete avançar no mercado tecnológico ao longo dos próximos anos. A expectativa, para isso, é que a tecnologia se torne um dos grandes pilares para que o mercado de IoT ganhe escala. Em uma primeira análise, a tendência é projetar essa transformação nos dispositivos móveis, como smartphones, tablets e wearables – o que, de fato, é uma realidade.
Mas, como já citado acima, o eSIM impactará também o mercado M2M, ampliando portfólios de conectividade, planos e soluções. Neste sentido, este setor já está se preparando para ofertar a tecnologia eSIM, inicialmente em operações relacionadas à gestão de frotas e rastreamento, mas com a perspectiva de ampliar para qualquer vertical, uma vez que o mercado esteja maduro o suficiente.
Um aspecto importante relacionado à adoção do e-SIM envolve a competição entre MNOs (Mobile Network Operator) e MVNOs (Mobile Virtual Network Operator), que está caminhando para o surgimento de um “mercado spot”. Isso significa que o e-SIM possibilita ao dispositivo alternar, de maneira dinâmica, entre várias redes de acordo com custo, congestionamento e intensidade do sinal. Fabricantes de dispositivos IoT também tendem a ser impactados pelo e-SIM. A razão se deve ao fato de possuírem a capacidade de incorporar um e-SIM em branco no dispositivo, podendo ser ativado em qualquer rede, independente do país. Assim, esses fabricantes têm a possibilidade de assumir o controle do relacionamento com o consumidor. Outro player são os Provedores de serviços OTT (Over the Top), como voz e mensagens, que dependem da conectividade à internet para fornecer seus serviços e que serão beneficiados com o provisionamento remoto por oferecer uma entrega mais “suave” entre as diferentes operadoras, a partir de um serviço mais consistente e com menos interrupções.
Estudo realizado pela Amdocs, provedor de software e serviços para empresas de comunicação e mídia, revela que a chave para uma empresa obter êxito ao adotar a tecnologia e-SIM inclui permitir uma experiência simples e intuitiva ao cliente; fornecer visibilidade e controle aos representantes de atendimento ao cliente; compatibilidade com todo o escopo de download de dispositivos e fornecedores de e-SIM, assim como métodos de ativação; e integrar sistemas de cobrança com todos os players e plataformas relevantes.
A tendência, portanto, é que o Brasil siga o mercado global, extinguindo o chip como o conhecemos hoje e adotando a tecnologia e-SIM. Prova disso é a previsão da IHS Markit, por exemplo, ao estimar que em 2021 serão fabricados no mundo cerca de 1 bilhão de chips e-SIM para dispositivos móveis e IoT.
- Resende é diretor executivo da Arquia
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