“Mais do que estagnados, estamos tendo prejuízos, uma vez que, embora a gente não coloque novos clientes nas nossas redes, as infraestruturas não estão mais atendendo as necessidades dos perfis de usuários, que aumentaram a demanda por banda. Ou seja, além de não aumentar a capacidade, a que existe está ficando insustentável”, diz José Selestino Trevisan Jr., dono do provedor Interlig, em Uruará (Pará), e um dos articuladores da nova organização de provedores locais.
Está sendo fundada, ainda este mês de novembro – com assembleia prevista para o próximo final de semana – a Associação Paraense dos Provedores de Acesso à Internet e Telecomunicações (Appit), que já agrega 14 empresas. “Devemos chegar a cem afiliados”, estima Selestino. “A proposta da associação é lutar pela redução da burocracia no segmento, brigar por melhores preços. E vamos começar por esse embate com a Eletronorte, que está nos impedindo não apenas de crescer, mas de trabalhar”, ressalta ele.
Dono da Auto Serviço, que opera n oeste do Pará, Marcos Antônio Pereira engrossa o coro dos indignados: “Inicialmente, tinham nos prometido uma ampliação do backbone para maio, depois passou para novembro. Mas já mandamos vários e-mails solicitando uma posição e não temos resposta”. Pereira conta que os clientes, insatisfeitos com a baixa qualidade do serviço de um provedor, correm para outro. “E ficam assim, pulando de uma empresa para outra, o que não resolve o problema. Porque todos nós temos infraestruturas bem montadas. O que falta é banda”, desabafa.
Um avanço em relação ao início do ano, quando as operações estavam totalmente paradas, a Eletronorte realizou, em outubro, uma ampliação de sua rede. Fala-se em um aumento de capacidade em torno de 30 GB, mas a própria operadora não sabe dizer exatamente qual foi essa ampliação. No entanto, após as obras, ainda há um longo caminho a percorrer, até que os ISPs possam fazer suas aquisições.
De acordo com Kátia Bernardo Esteves, do Departamento de Comercialização de Telecom da operadora estatal, neste momento está sendo fechado o modelo de comissionamento da operação e as vendas vão se iniciar em dezembro: “Vamos apresentar para a diretoria os critérios para a comercialização e depois de aprovados é que vamos começar a atender os pedidos”.
Kátia explica que a Eletronorte quer atender os provedores de forma isonômica, estabelecendo valores máximos de capacidade para cada provedor, de forma a pulverizar o fornecimento. “Todos os dias, recebemos uns 20 e-mails de provedores, um querendo 5 GB, outro querendo 10 GB. Não podemos suprir toda essa demanda, é preciso estabelecer um teto”, informa.