Do Tele.Síntese
Já foi-se o tempo em que os gestores públicos contratavam um projeto para cada coisa. Um projeto para a segurança pública. Outro para o controle dos postos de saúde. Outro para a matrícula nas escolas. Com o tempo, as soluções foram evoluindo e eles foram aprendendo que é possível otimizar as soluções e colocar muitas coisa sobre a mesma plataforma. Ericsson e Furukawa apresentaram ontem, durante o Encontro Tele.Síntese que discutiu Conectividade e IoT, soluções integradas para cidades inteligentes.
A experiência de São José dos Campos, cidade industrial a cem quilômetros de São Paulo, resume bem a boa prática de um município que evoluiu de uma aplicação para uma multiplataforma com ganho de eficiência e economia de recursos. E que pode inspirar muitas outras cidades de porte médio – tem cerca de 500 mil habitantes e é um polo da indústria aeroespacial brasileira.
Em 2001 instalou um sistema de videomonitoramento, que em 2012 tinha 40% das câmeras inoperantes. Em função disso, decidiu fazer uma PPP. Mas, diferentemente da licitação anterior, mudou a forma de contratação. Deixou toda a parte tecnológica por conta do parceiro,com a prefeitura concentrando-se no seu core business: a prestação de serviços ao cidadão.
O foco da licitação era ainda a segurança pública por meio do monitoramento por câmeras de vigilância. A Ericsson venceu a licitação e ficou encarregada não só do fornecimento da infraestrutura, mas da manutenção da rede de 500 câmeras e de uma rede 20 quilômetros de fibra óptica, com obrigações de entrega de qualidade de serviço.
Como resultado do projeto, relatou Alberto Rodrigues, diretor de IoT da Ericsson no Brasil, em 2016 a taxa de criminalidade na cidade tinha caído de 10,21 para 8,09 por 100 mil habitantes e a taxa de resolução de homicídios atingiu 61%, quando a média brasileira não passa dos pífios 8%.
Mas o melhor é que, este ano, a Prefeitura de São José dos Campos decidiu aproveitar melhor a plataforma instalada na cidade, e agregar um número maior de serviços. Foram colocados sensores para medir dados relativos ao meio ambiente — sensores de temperatura, de emissão de gás carbônico –; sensores para controle da iluminação pública com a substituição da luz tradicional por leds e sensores para controle de Wi-Fi.
“Com isso, por meio de uma mesma plataforma de gerenciamento, passamos a controlar vários serviços públicos, desde a segurança, a mobilidade e a eficiência energética”, comenta Rodrigues, que monitora outras experiências pelo país, como a de transporte público conectado em Goiânia, por exemplo.
Rede Mesh
Na busca por modelos para cidades inteligentes, uma das preocupações tem que ser a de segurança, observa Daniel Blanco, especialista em Smart Cities da Furukawa. Por isso, ele defende a adoção de redes que tenham opção de rotas alternativas em caso de quedas, seja por quedas físicas, ou por ataques de hackers. Até porque é uma das especialistas de sua empresas, ele é adepto das redes Mesh, que oferecem caminhos alternativos em caso de queda. “São quatro caminhos alternativos com 6, 25 milissegundos de latência, quando na tecnologia tradicional o tempo é de segundos”, assegura.
Defensor das redes ópticas, que despencaram de preços na última década — ele lembrou que um metro de varal de corda plástica tradicional custo mais que um cabo de fibra óptica de amplo uso –, Daniel disse que suas soluções já estão presentes em muitas empresas de energia elétrica. E, nas cidades, começam a ser aplicadas por meio da distribuição de parceiros como provedores regionais de acesso à internet.
O caso citado por ele foi o de Fortaleza, onde um provedor usa a solução Mesh da Furukawa para fazer o controle de semáforos, iluminação, postes de saúde e escolas para a prefeitura de Fortaleza.
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