O CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira, disse, nesta sexta-feira, 11, que se o ágio dos lotes regionais do leilão 5G for muito alto, a conta não fecha nem para uma empresa com grande capilaridade.
Segundo ele, para cobrir as cidades com menos de 30 mil habitantes, que são os compromissos previstos nesses lotes, o ISP terá que instalar até cinco antenas (uma só atende a 6.000 pessoas) para ter algum resultado rentável, o que aumenta muito o custo da implantação da rede.
Nogueira disse que, no caso da região Nordeste, existem 1.423 cidades com menos de 30 mil habitantes, o que torna o custo do lote muito alto. “É preciso que os ISPs atentem para essas obrigações e façam as contas”, disse o executivo, que participou de painel do INOVAtic sobre desafios e riscos do 5G.
Participação
A participação da Brisanet no leilão foi reafirmada por Nogueira, que apresentará proposta para o lote regional da região Nordeste. O projeto do provedor é construir uma rede 5G no Nordeste, antecipando o acesso a nova tecnologia nas cidades de menores portes, evitando o atraso ocorrido na implantação das tecnologias anteriores.
No debate, ficou claro a possibilidade de haver disputa no leilão dos blocos regionais, com a formação de grandes consórcios de ISPs. “Quem participar do leilão tem que saber no que está entrando”, alertou Nogueira.
Ele disse que se nenhuma grande operadora comprar o lote da faixa de 700 MHz, sua empresa pode ter interesse, porém sua participação dependerá da análise criteriosa dos compromissos. “Levar conectividade em falhas das rodovias federais, como está previsto hoje no edital, pode se tornar uma complicação se não houver acordo de roaming”, disse. No seu entendimento, essa faixa é muito boa para as áreas rurais e áreas complementares.
OSSO
Para José Roberto Nogueira, conectar as cidades com menos de 30 mil habitantes é um “osso” para as grandes operadoras, mas é apropriada para os ISPs, que têm o perfil de buscar rentabilidade nesses mercados. O empresário disse que o interesse das grandes operadoras está em menos de 500 cidades brasileiras, nas mais de 5 mil outras, o rendimento é pequeno e para os ISPs essa é a grande oportunidade.
Ele também acredita que negócios no mercado de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) não será acessível nos cinco primeiros anos do 5G. “Para os pequenos, o 5G vai ser complementar a banda larga em locais onde a fibra é inviável”, disse.
O CEO da Brisanet também entende que as redes neutras no mercado de 5G somente serão viáveis nos grandes centros. Segundo ele, nas periferias e nas cidades de menores portes, há grande concorrência de pequenos provedores, que não podem contratar acessos a R$ 40 para cobrar R$ 60.
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