Dinheiro não dá em árvore. O provérbio é antigo, mas nunca soou tão verdadeiro, principalmente neste período de incerteza que vivemos. E, na minha avaliação, uma das grandes lições que a pandemia nos trouxe é que o TI não pode ser tratado como uma loteria, ou seja, não dá para conduzirmos processos que são muitas vezes cruciais na base da sorte. Precisamos, sempre com muita atenção, analisar, testar antes de implementar, e seguir com rigor e precisão cirúrgica as metodologias determinadas para o sucesso de uma ação.
É preciso virar a chave e adotar uma nova cultura de investimentos. Ou melhor, é preciso encarar o TI como um investimento, e não como uma despesa ou algo supérfluo. Contudo, isso só é possível com uma mudança de cultura, na qual o TI é visto como uma engrenagem, e não como um “atrapalhante”.
Parece óbvio, mas planejamento só se faz em tempo de calmaria – quem faz escolhas em meio à tempestade quase sempre erra a mão. A pandemia, por sua vez, nos mostrou que as escolhas têm que ser assertivas – afinal, dinheiro não dá em árvore, não é mesmo? Em meio a uma crise, não há espaço para erros. E só quem se planejou muito bem (ou soube virar a chave muito rapidamente) conseguiu assimilar o home office e o volume de reuniões via conferência como rotinas reais de trabalho. Se antes ficávamos presos no trânsito durante uma parte do dia, o que acabava gerando um tempo ocioso, hoje somos capazes de fazer calls a cada 15 minutos. Na minha percepção, as pessoas estão mais ocupadas, tentando aproveitar ao máximo todo tempo disponível. Isso, contudo, não significa que elas estejam necessariamente mais produtivas, mas isso é tema para um próximo artigo.
Voltando ao tema, é preciso destacar que diversas empresas enfrentaram (e ainda enfrentam) dificuldades para se adaptar a tantas mudanças. A colaboração, contudo, é o que salva em todos esses casos. Se muitas organizações aumentaram a sua capacidade de entrega e a sua produtividade, ou se elas ainda buscam um caminho viável, isso é possível graças às soluções que permitem estruturar um trabalho coeso e sinérgico. No centro de tudo isso, eis que a nuvem se apresenta, e será o uso inteligente da nuvem o que vai permitir a retomada, mesmo que gradual, das atividades presenciais.
Será preciso investir, não só em tecnologia, mas também em uma quebra de paradigma. Da mesma forma como ocorreu com a popularização do backup, que antes ninguém levava a sério. Se hoje temos o hábito saudável de fazer cópias de segurança de nossos arquivos, isso acontece porque muitas pessoas perderam dados e arquivos insubstituíveis por puro descuido. Agora, se as pessoas e empresas desejam um modelo de trabalho híbrido, que combine o remoto e o presencial, elas precisarão encarar a nuvem como algo essencial, como uma condição imprescindível para um plano de continuidade de um negócio no pós pandemia.
*Cyrano Rizzo é CTO da Binario Cloud