Por: Tulio Barbosa*
Os provedores de internet desempenham um papel vital na expansão e democratização da internet e da digitalização no Brasil. Contudo, o mercado enfrenta um momento particularmente desafiador com o crescimento das ameaças virtuais.
De acordo com a pesquisa TIC Provedores, 23% dos provedores consultados foram alvos de ataques do tipo DDoS (ataques de negação de serviços). Diante de um contexto em que esses ataques são cada vez mais frequentes, é imprescindível que os provedores priorizem proteger suas infraestruturas e garantir a segurança das redes de seus clientes.
Nesse sentido, estabelecer políticas de segurança de dados, além do desenho de estratégias e respectivos investimentos em soluções de cibersegurança são etapas que se fazem cruciais para a manutenção da competitividade de um segmento que já enfrenta a acirrada concorrência de grandes redes de telefonia.
Fato é que, nos últimos anos, os ataques virtuais aumentaram em volume e sofisticação, colocando, por exemplo, novos riscos para a dinâmica digital de usuários e empresas – inclui-se nessa seara desde a exposição de informações críticas e confidenciais até riscos de desvios de recursos e golpes financeiros.
Os prejuízos, por vezes, são incalculáveis, não apenas para o provedor, mas também para seus clientes, podendo causar, além da perda de dados, interrupção do serviço. Para termos uma ideia mais clara desse prejuízo, em 2022, 23% das empresas brasileiras relataram perdas com ataques de hackers em 2022, de acordo com dados divulgados pelo Sebrae.
Dentro desse contexto, grandes corporações, com recursos robustos, possuem maior capacidade de recuperação rápida. No entanto, pequenas e médias empresas podem sofrer perdas financeiras significativas e danos irreparáveis à sua reputação – e isso vale também para os ISPs.
Cibersegurança como prioridade
O copo meio cheio dessa discussão é que hoje já é possível dispor de novas tecnologias que apoiam também os provedores na oferta de um serviço seguro e, concomitantemente, de mais qualidade para seus usuários.
Mas, para tanto, temos de levar em conta alguns pilares para uma estratégia assertiva contra ameaças virtuais.
A implementação de firewalls multifuncionais, por exemplo, oferecem proteção contra ataques e bloqueiam tráfego perigoso, restringindo ainda acessos a conteúdos nocivos. Esses equipamentos não apenas fortalecem a segurança, mas também otimizam processos e garantem conformidade com a LGPD por parte dos provedores.
Como supracitado, a proteção contra ataques DDoS é outra etapa crucial de uma estratégia de cibersegurança e especialmente relevante para provedores, haja vista que estamos falando de um tipo de ameaça em que múltiplos sistemas comprometidos sobrecarregam um servidor, tornando-o indisponível para os usuários legítimos.
Inovações no campo das soluções anti-DDoS e da criptografia aumentam a camada de segurança dos ISPs, garantindo o bom funcionamento dos provedores, a privacidade e também o controle sobre ataques man-in-the-middle, nos quais um invasor intercepta dados da comunicação entre duas partes, roubando ou alterando dados.
Em conexões remotas ou em redes públicas, a criptografia oferece ainda um apoio extra e essencial para garantir a integridade das comunicações.
Mas tudo isso precisa, por fim, estar alinhado a uma política clara de segurança e de gestão de riscos cibernéticos que deve ser assumida com celeridade pelas lideranças do mercado ISP.
Com a constante mutação e maior complexidade das ameaças digitais, a segurança cibernética não pode ser tratada como um projeto isolado, mas sim como uma prática contínua que influencia, diretamente, na qualidade da experiência dos assinantes de um provedor.
A partir dessa perspectiva, ISPs estarão mais alinhados com a realidade de um mercado no qual a digitalização, sem dúvidas, abre oportunidades, mas também impõe novos desafios a serem superados.
* Tulio Barbosa é CEO da MK Solutions. Com mais de 15 anos de experiência em Estratégia, Empreendedorismo e Desenvolvimento de Negócios, o executivo é graduado em Administração de Empresas pela UFMG e especializado em Finanças e Administração Internacional pela Harvard Business School.