Os bancos têm dificultado o acesso ao capital de crédito devido a extrema dificuldade das micro, pequenas e médias empresas de telecomunicações em ofertar garantias. Isso porque os empresários “ oferecem a própria estrutura, que não interessa ao bancos”, além da falta de apetite comercial em disponibilizar capital que atenda o segmento. Essa foi uma das principais reclamações contra o setor bancário manifestada pelo secretário de telecomunicações do MCTIC, Vitor Menezes, durante evento online, realizado nesta sexta-feira (05), com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e das secretarias de Telecomunicações e Radiodifusão do MCTIC.
Vitor Menezes, secretário de telecomunicações do MCTIC, defendeu que “é necessário lembrar que é preciso ter uma política de financiamento consistente e adequada para este segmento. A maioria dessas empresas investem o lucro, normalmente até 100% dele, porque tem dificuldade de acessar capital de terceiros. Essa é uma barreira que precisa ser superada”, declarou.
O chefe do Departamento de Clientes e Relacionamento Institucional do BNDES, Tiago Peroba, admitiu que o governo está ciente do problema causado pela “aversão de risco” do agente financeiro na hora de conceder esse crédito. E que a crise é um fator dificultador. “Temos um volume muito maior de empresas buscando crédito e, do outro lado, uma rede de agentes com uma aversão de risco maior”, disse.
Peso dos provedores regionais
Vitor ressaltou ainda a importância do segmento para o país. “O mercado de banda larga brasileiro tem uma peculiaridade: 35% dos provedores do acesso à banda larga são regionais, de pequeno e médio porte. E essa é uma questão própria do Brasil. Hoje os pequenos provedores são responsáveis pelos crescimento de acessos de banda larga que ocorrem no país”, disse.
Hoje, o segmento reúne cerca de 2,3 mil microempresas e 1,2 mil pequenas empresas (além de 231 players de médio e grande porte) que empregam mais de 83 milhões de brasileiros. O secretário de radiodifusão do MCTIC, Wilson Diniz, analisou que o setor vem realizando “um vasto investimento em radiodifusores e tecnologia”, comprovados com o crescimento de 24% do sinal digital de televisão entre 2016 e 2018.
Marcos Pontes, ministro do MCTIC, avaliou a situação das pequenas e médias empresas de rádio e TV, que para ele, não teriam tanta influência quanto as de telecom. “Vai ser muito bom para empresas de pequeno e médio porte, conversamos nas últimas semanas com o BNDES e colocamos as necessidades do setor da radiodifusão”. Segundo o ministro, é preciso que o setor “tenha uma passagem saudável” pela crise.
O setor sofre com problemas advindos da pandemia do coronavírus. “Houve aumento no custo dos equipamento tendo em vista a variação cambial, além do custo de mão de obra e a natural diminuição das receitas. Para pequenos e médios radiodifusores, foi ainda mais grave”, avaliou Wilson.
Sobre a cadeia de radiodifusão, Tiago ressaltou que mais de R$ 9,8 bilhões em financiamentos foram concedidos ao setor em 2020. Desse valor, R$ 9 bilhões para micro e pequenas empresas. Em 2019, o montante emprestado chegou a R$ 6,5 e em 2018, R$ 21,7 bilhões.(Por Abnor Gondim)
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