Segundo a pesquisa promovida pela Amdocs, o uso médio da internet em casa praticamente dobrou ao passar de 3h41 por dia para 6h44. Esse fenômeno foi impulsionado pelo isolamento social e a necessidade de as pessoas trabalharem em casa remotamente. Aliado à grande pulverização do setor, o crescimento chamou a atenção de fundos de investimento e destacou esse mercado na onda de fusões e aquisições que tem acontecido no país.
Fernando Kunzel, fundador da boutique de investimentos L6 Capital, explica que essas aquisições estão acontecendo nos interiores dos estados, regiões com grande mercado a ser explorado, diferentes das capitais. “Quando uma grande operadora vai para o interior, ela não consegue capturar muitos clientes de uma vez. Já as empresas locais têm um atendimento rápido e entendem a especificidade da região. Os fundos de investimento estão interessados nisso”, explica o economista.
Altamente pulverizado, Kunzel explica que o caminho para a consolidação deste mercado é longo. “Diariamente nós vemos novas aquisições e novos provedores nascendo. Até se tornar um mercado 100% consolidado, terá alguns ciclos de aquisição por longos anos. Nos Estados Unidos, o segmento de Telecom levou três décadas para se consolidar. No Brasil, os ISPs vão passar por um fenômeno parecido”, analisa o especialista.
Interior
A Neorede que, assessorada pela L6 Capital, foi adquirida neste ano em Santa Catarina pela Vero Internet, que surgiu da fusão de oito provedores de internet no interior de Minas Gerais é um exemplo da opção por cidades do interior. “A Vero está expandindo sua atuação nas regiões Sul e Sudeste e nós encontramos essa oportunidade para a Neorede, que já tinha uma atuação forte no interior de Santa Catarina”, acrescenta Kunzel.
Outros exemplos dessa tendência são a Desktop, da HIG Capital, que está olhando para o estado de São Paulo, e a Unifique, em Santa Catarina. A Brisanet, que promete liderar o 5G no interior do país, já é líder em conexão de banda larga em fibra óptica no Nordeste e está ampliando a presença nas cidades do interior. Para disputar este mercado, oito provedores de internet do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte formaram em julho a fusão Proxxima Telecomunicações, que deve competir com as gigantes Brisanet, Claro, Oi e Vivo.
Outro fator para o aumento dessa demanda, como destaca Willian May, sócio da L6 Capital, é o avanço da Internet das Coisas (IoT). “A agricultura inteligente, que se utiliza da tecnologia de IoT, está revolucionando o setor e a demanda de conectividade para essas máquinas vai continuar crescendo no interior. No Centro-oeste, por exemplo, uma operadora que já entendeu isso é a Americanet”, exemplifica o engenheiro de produção. “A internet se transformou em um serviço essencial. Seja trabalhando de casa ou no dia a dia, você precisa dela”, completa May.