A Anatel quer impulsionar o WiFi 6E, banda larga fixa sem fio não licenciada, que ganhou no ano passado todo o espectro de 6GHz – 1.200 MHz – para seu uso exclusivo, apesar da reclamação da indústria de celular. Segundo o superintendente de Outorgas e Recursos a Prestação da Anatel, Vinícius Caram, em breve será liberado para as empresas usarem a tecnologia do WiFi 6E também em áreas externas. Atualmente o espectro só está liberado para ser usado indoor, e é uma das críticas da indústria de celular à decisão, porque teria sido destinada uma quantidade muito grande de frequência para uso muito limitado.
Para impulsionar o WiFi 6E, segundo Caram, a agência vai liberar o uso outdoor, conhecido por Automated Frequency Coordination (AFC), de apenas duas portadoras, o que vão somar 320 MHz de espectro. “Com o AFC queremos dar mais estímulo ao uso do WiFi 6. Mas se a frequência não for ocupada pelo serviço, poderemos reavaliar a decisão para a próxima Conferência de Radiocomunicação da UIT”, afirmou o superintendente. A Conferência da UIT, que acontece a cada quatro anos, está marcada para 2023.
Ao apresentar o balanço da atual ocupação de espectro pelos serviços de telecomunicações durante workshop do Painel Telebrasil 2022, Caram afirmou que atualmente o serviço celular brasileiro está muito bem posicionado no que se refere à disponibilidade de frequências, com um total de 4,5 GHz. ” As operadoras brasileiras têm hoje mais espectro do que a maioria das empresas de todo o mundo”, afirmou ele.
Ressaltou que ainda há muita banda sobrando – que foi comprada, mas não está ocupada – em milhares de municípios brasileiros. Segundo ele, existem 485 municípios onde as bandas A e B (as primeiras a serem leiloadas, com mais de 20 anos) ainda não foram usadas ou ainda mais de dois mil municípios com espectro de 2,5 GHz livres.
Para Francisco Giacomini, da Qualcomm, a Anatel está fazendo um bom trabalho na regulação do espectro brasileiro e elogiou a regulamentação, publicada hoje, 29, da faixa de 3,7 a 3,8 GHz, para as redes privativas. ” A situação do espectro no Brasil é muito boa, e nós já temos chips para todos os usos”, afirmou.