Em 2020, os ISPs devem crescer na casa de dois dígitos, entre 25% e 30%, nos mesmos níveis que no ano passado. A previsão é do conselheiro da Abrint (Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações), Basílio Perez, em entrevista ao PontoISP. Segundo ele, ainda há uma demanda grande de internet em cidades pequenas e médias e que não são atendidas pelas grandes operadoras.
Os provedores regionais encerram mais um ano com resultados positivos. Após conquistarem a marca de 7,45 milhões de acessos via banda fixa no ano de 2018, a Anatel apontou que os ISPs encerraram 2019 com 9,88 milhões de conexões realizadas, 32,5% a mais que no ano anterior, tornando-se o principal grupo provedor de internet nessa modalidade – a segunda colocada, uma grande operadora, fechou o ano com 9,6 milhões de pontos de acesso.
Segundo os dados disponibilizados pela Agência, a região que apresentou maior aumento de conexões estabelecidas pelos pequenos provedores entre dezembro de 2018 e 2019 foi a Norte, com uma diferença de 44,1%. Em segundo lugar veio a região Sul, que contou um crescimento de 33,2% pontos de acesso, e em terceiro, a região Nordeste, com 32,4%. Em quarto e quinto ficaram as regiões Sudeste (32%) e Centro-Oeste (28,1%), respectivamente. Confira no gráfico abaixo:
Foi esse crescimento dos ISPs que sustentou a alta nas conexões fixas no Brasil em 2019, com crescimento de 4,5% e 32,6 milhões de assinaturas. Perez afirma que os grandes players focam mais em trocar sua rede de cobre por fibra até em casa, ou seja, atendem basicamente os clientes que já têm, enquanto os ISPs estão sempre obtendo novos clientes. A única exceção é a Claro, que avançou em número de clientes, embora com crescimento abaixo de 1%.
Com essa perspectiva de crescimento e a tendência em investimentos em novos serviços, o cenário para os ISPs em 2020 é positivo e credencia muitas empresas de maior porte a participarem do leilão do 5G. “A maior participação dos ISPs vai depender de como ficará o edital, ora em consulta pública”, disse Perez. Ele defende maior granularidade no bloco destinado aos provedores regionais, hoje dividido apenas pelas regiões do país.
Para o conselheiro da Abrint, a Anatel não pode usar o discurso de que a granularidade por município, como defende a entidade, não deu certo no leilão das sobras, realizado em 2015, e que até agora não está totalmente concluído. “A agência não preparou sua estrutura para atender a procura tão grande, nem os provedores tinham condições de atender a burocracia exigida, não é justificativa”, disse.
Sem aumentar a granularidade, a perspectiva da Abrint é a participação das maiores empresas e de médias, por meio de consórcio. “Nós vamos acompanhar a consulta pública do edital e apresentar as contribuições que favoreçam à participação dos ISPs”, disse. Inclusive facilitar o uso do mercado secundário para ter acesso ao espectro.
Migração
Outra preocupação da Abrint é a consulta pública da proposta de migração das concessões para autorizações. Na proposta, está a relação de municípios que podem receber investimentos das operadoras. “Ainda estamos analisando a listagem para saber se não são atendidas por provedores regionais”, disse.
Outra preocupação perene é a situação de aluguel de postes, que ainda não avançou nada. Esse tema será discutido profundamente no evento da entidade, que acontece em junho, em São Paulo.
Outra tendência para 2020 é a continuação da consolidação no setor. “É um movimento normal”, avalia. “Os ISPs estão investindo pesado em fibra e isso traz vantagens competitivas para essas empresas”, disse.
É incrível o crescimento dos provedores regionais, superaram os grandes players do mercado e a tendência é que continuem crescendo nos próximos anos, até que a consolidação aumente e novos players apareçam.
Grande parte do sucesso desses ISPs está na qualidade do atendimento, contato mais próximo com o público, e inovação.
Uma das ferramentas que tem sindo utilizadas para melhorar a experiência dos assinantes, diminuir o custo de aquisição de clientes e aumentar o faturamento é a automatização do processo comercial oferecida pela conecte.ai, que fornece um serviço parecido ao iFood mas para assinatura de internet.