O superintendente de Outorgas e Recursos à Prestação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Vinícius Caram, apresentou nesta terça-feira, 25, as possíveis destinações para faixas de frequência em estudo pela autarquia e que deve servir de base para as próximas licitações. A exposição faz parte do Workshop de Espectro realizado na sede da reguladora, em Brasília.
Para a faixa 6 GHz, que está entre as mais demandadas – e envolve uma das maiores divergências por parte do setor defender a manutenção do uso integral para WiFi –, estuda-se uma possível convivência entre WiFi 7 e IMT (do inglês, International Mobile Telecommunications). “Precisamos de mobilidade em sub-6”, justifica Caram.
Já para a faixa de 600 MHz, sugere-se uma camada de underlay [que permite a divisão de serviços] para a rede móvel, atendendo “seja as prestadoras atuais ou novos entrantes”, de acordo com o superintendente.
Para D2D [ do inglês direct-to-device] a faixa de 1,5 GHz é a opção, alinhada ao que defende a Viasat. “Estamos pensando em uma faixa que não crie problemas para todos que já tem SMP [Serviço Móvel Pessoal”, complementa Caram
A faixa de 300 MHz está em estudo para a TV 3.0. Em tomada de subsídios, o setor de radiodifusão manifestou interesse na faixa de 600 MHz.
O estudo da Anatel leva em conta a busca de harmonização global junto à União Internacional de Telecomunicações (UIT), mas também incorpora os interesses indicados pelas operadoras em tomada de subsídios sobre o tema.
Debate
O Workshop reuniu representantes das prestadoras de serviço móvel e do setor satelital, que reforçaram as demandas de espectro. O CEO da Brisanet, Roberto Nogueira, defendeu o uso da faixa de 600 MHz para atender a área rural.
“Temos que olhar para o futuro, porque a cada três anos mais do que dobra o consumo. […] Vou defender a frequência de 600 MHz para o mundo rural, para atender 50 Tb hoje, 150 Tb daqui quatro a cinco anos e mais 300 Tb em 2023”, afirmou Nogueira.
A Conexis, representada por Bruno Cavalcanti, destacou a proposta de uso balanceado da faixa de 6GHz MHz – sendo 500 MHz para o WiFi6E e 700 MHz para a rede móvel – “a fim de eliminar o congestionamento da rede e utilizar a faixa em aplicações que precisam e são sensíveis à latência, como jogos eletrônicos e comunicação em tempo real”. “Isso traria um alinhamento internacional para o uso dessa faixa tão importante para ter comunicações móveis”, ressaltou Cavalcanti.
Por outro lado, o diretor da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), Basílio Perez, também reforçou o posicionamento das prestadoras regionais pelo uso do WiFi na faixa de 6 GHz .
“O WiFi com toda a faixa do 6 GHz não é um competidor para o IMT é na verdade um complemento necessário tanto para nós que fazemos banda larga fixa, […] mas vem ajudar o próprio IMT”, disse.
Ao comentar os desafios do compartilhamento de espectro, a vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Telecomunicações por Satélite (Abrasat), Michelle Caldeira, ressaltou que “o FSS não compete com o serviço móvel, pelo contrário, é um serviço complementar”.”Para que a gente possa ter o 5G em todos os rincões do Brasil, a bordo de uma aeronave ou de um navio, a gente precisa dos satélites. Então continuar assegurando o compartilhamento , respeitando os serviços existentes, é fundamental”.
Especificamente sobre o D2D, a Abrasat pediu “cautela” pois entende que seria “prematura qualquer atribuição ou destinação de faixas de frequência para o MSS em faixas identificadas para IMT antes da conclusão dos estudos técnico”.
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