5G e Edge Computing: novos desafios para o profissional de Telecom


Maurício Ribeiro * 

Graças às redes 5G e à arquitetura Edge Computing, será possível usar aplicações com baixíssima latência e uma onipresença tamanha que será difícil discernir o que é humano, o que é digital. Para essa evolução acontecer, porém, é necessário equacionar a demanda por profissionais de Telecom preparados para os desafios que o 5G traz para o ambiente das operadoras. Há um descompasso entre a formação atual dos gestores das redes 3G e 4G e o conhecimento exigido para gerir a rede 5G. A nova arquitetura 5G pode ser definida como a nuvem das nuvens, pois é por meio dessa nuvem primordial que se tem acesso a todas as outras nuvens do mercado. 

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Neste novo ambiente, além do desafio inicial – avançadas tecnologias de rádio, implantação de um número maior de antenas etc. –, acontece a descentralização dos sistemas que compõem o core da rede. 

Essa estrutura hiper distribuída irá rodar aplicações complexas. É possível dizer que a primeira aplicação desse modelo é, justamente, a nova infraestrutura de rede 5G das operadoras de Telecom. Depois disto virá uma miríade de aplicações para todas as verticais da economia – todas terão em comum a baixa latência e alta demanda por segurança. 

Investimentos em nuvem chegarão a 3 bilhões de dólares até o fim de 2021 

 No 5G, tudo acontece na camada de software, numa virtualização absoluta em que fluidez é tudo. A nuvem é seu ambiente nativo. Mesmo antes do 5G, a nuvem já está fortemente presente no Brasil. Pesquisa do IDC de maio de 2021 indica que investimentos na nuvem devem chegar a US$ 3 bilhões até dezembro. Isso significa um crescimento de 46,5% em relação a 2020. 

O grande desafio da migração para nuvem é que cada nuvem – seja privada, pública ou híbrida – é um mundo em si, demandando conhecimentos específicos para ser operada. Isso exige que os gestores desse ambiente dominem essas peculiaridades tanto para entregar a melhor UX (User Experience, algo crítico para os negócios) como para prevenir desagradáveis surpresas em relação à interoperabilidade, segurança e bilhetagem. 

Esse quadro abre espaço para os profissionais preparados para o 5G. 

Segundo pesquisa realizada pela Feninfra (Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e Informática) em junho de 2021, em curto prazo o Brasil demandará 1,5 milhões de profissionais capacitados a lidar com o novo mundo das redes 5G. Os dados mundiais são ainda maiores: levantamento da Qualcomm divulgado em 2018 aponta que, até 2035, 22 milhões de novas posições de trabalho serão criados por causa das redes 5G. 

Em alguns mercados essa revolução já está acontecendo. 

Levantamento da consultoria global Progressive Policy Institute de setembro de 2020 mostra que nos EUA, somente nos meses de abril e maio de 2020 – em plena pandemia, portanto – foram contratados 106 mil profissionais de Telecom com expertise em tecnologias ligadas ao 5G e Edge Computing. 

Novas oportunidades de trabalho para todos 

As possibilidades são tantas que, para os analistas do Progressive Policy Institute, a rede 5G irá provocar o surgimento de novas posições profissionais em todas as verticais da economia. Quando a rede 5G for onipresente nos EUA, haverá novos perfis de vagas para profissionais de vários níveis e formações. É o caso dos desenvolvedores de plataformas digitais de manufatura e dos gestores de cyber segurança de nuvens especializadas em aplicações de saúde.  Na outra ponta haverá, também, demanda por técnicos especializados na manutenção de robôs, veículos autônomos e dispositivos inteligentes domésticos. 

Já para as operadoras, veremos uma crescente demanda por profissionais com domínio sobre as tecnologias que suportam a arquitetura de nuvem, além dos conhecimentos tradicionais em protocolos de comunicação, sinalização e segurança, entre outras disciplinas críticas para esse setor. 

As novas oportunidades surgidas com o 5G e o Edge Computing podem reequilibrar o mundo do trabalho, criando posições que substituirão as profissões eliminadas no mundo pós-Covid. 

Esse admirável mundo novo só surgirá, no entanto, quando os Services Providers conseguirem realizar o salto estrutural e cultural em direção ao mundo 5G e Edge Computing. 

Nessa jornada, há soluções que complementam os skills dos gestores das operadoras de Telecom, acelerando e simplificando o uso dos ambientes 5G baseados em múltiplas nuvens. Por meio de uma camada virtualizada que se estende por todas as nuvens – no core, na borda, privadas, públicas, híbridas – essas plataformas suavizam a interação entre o gestor e essa estrutura, acelerando a resolução de problemas, protegendo o ambiente e otimizando o consumo das nuvens de acordo com a lógica de negócios da operadora. 

Distribuição de carga de uma nuvem para outra: em milissegundos 

A noite de maior sucesso de um show de rock, por exemplo, pode representar um pico de acessos para a operadora de Telecom que havia planejado suportar 100 mil acessos simultâneos. De uma hora para a outra, a empresa pode ver-se obrigada a dar vazão a 150 mil acessos com um pesado tráfego de dados. O uso de uma solução de gestão que permeia todas as nuvens dessa operadora permite que, numa interface gráfica extremamente amigável, o gestor faça em milissegundos um novo provisionamento de recursos, redistribuindo para outras nuvens as novas cargas de processamento de dados. 

Um dos subprodutos mais estratégicos desse tipo de solução é colaborar para reduzir os gastos com as nuvens que compõem o universo 5G e Edge Computing. A falta de visualização e controle sobre cada uma das nuvens pode trazer prejuízos. Pesquisa realizada pela consultoria ESG em 2019 a partir de entrevistas com 200 CIOs norte-americanos a respeito dos desafios de gestão dos ambientes multinuvem mostra que, para 41%, o maior problema era a bilhetagem. 

O papel do RH das operadoras de Telecom 

A construção do mundo 5G e Edge Computing tem levado os times de Telecom e de TI das operadoras a se aproximarem muito – em muitos casos, os líderes de RH têm criado programas para troca de conhecimento entre profissionais com perfis diferentes, mas que, cada vez mais, precisam interagir. 

Estratégias como essas colaboram para acelerar a economia digital brasileira, evitando o risco de empresas e pessoas se perderem em meio às muitas nuvens que irão suportar a rede 5G. 


*Maurício Ribeiro é diretor de vendas para o segmento de service providers na F5 Brasil.

 

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