Rodrigo Oliveira*
A tecnologia 5G chegou oficialmente ao Brasil em julho de 2022, inicialmente na cidade de Brasília. Mas, de acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), até o fim de setembro, todas as capitais do país deverão contar com a quinta geração da rede.
Para o mercado corporativo, o momento é um marco importante, pois abre um enorme leque de possibilidades para avançar em tecnologia, ao mesmo tempo que coloca novos desafios no caminho.
Entre eles está a questão da latência. Com o novo protocolo oferecendo maior velocidade e um tempo de resposta menor, as empresas precisarão corresponder a essa demanda, afinal, a demora em executar processos irá cada vez mais se reverter em perdas de oportunidades de negócios. Principalmente no que diz respeito aos data centers.
Levando em conta esse novo cenário, listo a seguir algumas tendências para acompanharmos daqui para a frente:
Mudança para a fibra óptica monomodo
O fluxo de dados maior passando pelos data centers também vai demandar implementos de hardware e o cabeamento de fibra óptica será um ponto crucial. Hoje em dia, o tipo mais comum é a fibra óptica multimodo, na qual a luz viaja com diversos pontos de reflexão dentro do cabo. Já no monomodo, ela viaja em feixe único pelo núcleo da fibra, podendo cobrir distâncias maiores.
Esse tipo de cabo será o mais indicado para fluxos que podem chegar a até 800 Gbps e deverá ser a opção utilizada nos data centers que estão sendo construídos atualmente. O revés desse tipo de cabo é que se trata de uma solução de custo mais elevado.
Intensificação de IoT
Maior largura de banda significa comportar uma quantidade maior de dispositivos conectados, que deverão otimizar processos e aumentar a eficiência operacional por meio de dados obtidos e processados em tempo real, o que vai exigir bastante dos data centers.
Para se ter uma ideia do quanto o segmento de Internet das Coisas (IoT) ainda reserva crescimento no Brasil, segundo previsões da consultoria IDC, esse mercado pode chegar a 1,6 bilhão de dólares em 2022, o que representaria um aumento de 17,6% quando comparado com o ano anterior.
Nuvem segue relevante
Impulsionada pela pandemia, a computação em nuvem deverá manter seu ritmo de crescimento. Com muitas empresas decidindo manter a política do home office, as aplicações nativas em nuvem para o teletrabalho estão se multiplicando. De acordo com matéria do TI Inside, 51% dos gastos em TI migrarão para soluções em nuvem até 2025.
Outra tendência natural do 5G, além da computação de borda, é o crescimento das nuvens híbridas, por conta da maior segurança no armazenamento de dados sensíveis e estratégicos que esse tipo de solução oferece. Ainda mais considerando a LGPD em vigor.
Expertise será primordial
A chegada do 5G promete impulsionar a procura por empresas de infraestrutura que contam com data centers, e o motivo é simples: expertise.
Administrar um data center não é tarefa fácil, sobretudo por não ser uma receita pronta. É um trabalho que demanda um time de suporte heterogêneo, composto por diferentes expertises para lidar com a variedade de tecnologias no dia a dia, além de um trabalho de monitoramento constante e um cronograma de manutenções preventivas muito bem estabelecido.
Os data centers ainda permitem acomodar personalizações de infraestrutura fundamentais para os negócios dos clientes em todos os ramos de atuação, além de permitir ganho de escala para que os custos finais fiquem mais competitivos do que manter a estrutura in house, por exemplo.
Outra característica desses centros é a grande quantidade de empresas de telecomunicações conectadas, o que permite a distribuição dos sinais de dados, reduzindo a latência.
Segurança além da lógica
Manter dados seguros e contar com dezenas de firewalls e outras soluções de segurança digital não são os únicos pontos que um data center eficaz precisa cumprir.
Sua integridade física é igualmente importante e deve trazer uma estrutura de combate a incêndio, como hardwares de última geração, que trabalhem em margens menores de temperatura para mitigar esse risco. O que nos leva a outro ponto: a sustentabilidade.
Equipamentos com maior eficiência energética demandam menos esforço em tecnologias de resfriamento e permitem que a empresa responsável seja mais seletiva no tipo de eletricidade que consome, preferindo adquiri-la de fontes renováveis.
Um data center bem planejado e administrado será essencial para oferecer a baixa latência e tudo mais que um cliente precisa para aproveitar todas as oportunidades do 5G, seja qual for o seu modelo de operação: colocation, hosting ou para soluções de nuvens híbridas.
*Rodrigo Oliveira – Business Director, Data Center, Cloud & Security Cirion, Brasil. Com mais de 30 anos de experiência no segmento de Data Center e Telecomunicações, Rodrigo traz para os clientes da Cirion o direcionamento necessário para aproveitar a tecnologia a favor da expansão dos seus negócios. Atuou em diversas multinacionais no Brasil, ajudando a construir a operação da Diveo no país. Também foi presidente da unidade da UOL Diveo na Colômbia, quando realizou a venda da filial a Riverwood/Synapsis. Esteve também no comando da Matrix Datacenter.
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