Dados inéditos da pesquisa TIC Domicílios 2017 apontam que 50% da população ouve músicas pela Internet e a mesma proporção assiste a vídeos, programas, filmes ou séries on-line. Também mostrou que 29% dos brasileiros ouvem música pela Internet todos os dias. A frequência diária é mais comum entre os mais novos: 55% dos jovens de 16 a 24 anos possuem o hábito de ouvir músicas on-line diariamente. O tipo de conexão e os dispositivos utilizados têm influência nas atividades culturais segundo o documento.
Esse é o cenário apresentado no módulo de atividades culturais incluído pela primeira vez na pesquisa TIC Domicílios. O levantamento é divulgado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Enquanto predomina o hábito de ouvir música pela Internet diariamente, a frequência semanal ou diária é mais comum para filmes (27%) e séries (21%). Pagar para acessar tais conteúdos é uma prática menos presente entre a população brasileira, chegando a 10% para filmes e séries e 5% para músicas.
Quanto à origem dos conteúdos, as músicas brasileiras foram consumidas por um percentual maior da população (48%) do que as músicas estrangeiras (28%), o que não se repete em relação aos filmes e séries.
A origem do conteúdo consumido apresenta uma variação por classe social, sobretudo para conteúdos estrangeiros: enquanto 57% dos indivíduos de classe A assistiram a filmes estrangeiros, apenas 8% da classe DE o fizeram. “Barreiras de idioma exercem forte influência na diversidade de conteúdos que segmentos diferentes da população acessam on-line, evidenciando a importância do estímulo à produção de conteúdos nacionais”, avaliou Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
No que se refere à produção de conteúdo, houve uma ampliação de 31,1 milhões de indivíduos publicando conteúdos próprios na Internet, em 2013, para 44,7 milhões em 2017, o que corresponde a cerca de um quarto da população acima de dez anos (26%). O tipo de conteúdo mais publicado são imagens, postadas por 24% dos indivíduos.
A finalidade da criação e da postagem de conteúdos de autoria própria teve caráter mais amador do que profissional: a divulgação de fatos ou situações cotidianas (17%) é mais mencionada do que a divulgação de um trabalho (9%), de um conteúdo artístico (7%) ou do que a venda de produtos ou serviços (5%). Reforçando essa percepção, apenas 2% dos indivíduos que criaram e postaram conteúdos próprios na Internet receberam algum tipo de remuneração por isso.
Conectividade e dispositivos
Segundo a pesquisa, 72% dos usuários de Internet que possuem banda larga fixa no domicílio assistem a vídeos on-line, enquanto entre aqueles com conexão móvel no domicílio essa proporção é de 57%. Já em relação aos dispositivos, 51% dos usuários que acessam a rede tanto pelo celular quanto pelo computador ouvem música diariamente. Essa proporção é de apenas 32% entre os usuários de Internet exclusivos pelo celular e 24% entre aqueles que acessam a rede usando apenas o computador.
Entre os usuários de telefone celular, existe ainda a questão da forma de conexão, pois aqueles que não utilizam WiFi apresentam patamares de acesso a conteúdos bastante inferiores. “Ainda que a Internet tenha contribuído para a ampliação do acesso à cultura, os resultados indicam que as desigualdades no uso da rede também são determinantes do consumo de conteúdos on-line“, considerou Barbosa.
A série histórica da pesquisa TIC Domicílios demonstra uma mudança na forma de acesso aos conteúdos, com os serviços de streaming apresentando tendência de crescimento, enquanto as atividades de download se mostram estáveis ou com tendência de decréscimo.
Em 2017, as práticas audiovisuais (como assistir a vídeos, programas, filmes ou séries e ouvir músicas on-line) foram realizadas por 71% dos usuários de Internet, enquanto 42% deles baixaram ou fizeram download de músicas e 23% baixaram ou fizeram download de filmes. “Isso indica que os usuários têm optado cada vez mais por terem acesso a conteúdos por plataformas de streaming“, pontuou o executivo.